Radio Poder Popular

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

A INVASÃO SILENCIOSA DOS EUA NA AMÉRICA LATINA

Entrevista a Stella Calloni.


Tradução: ADITAL

Para falar sobre os planos da ultradireita latino-americana, que é um instrumento de Washington na região, e analisar a atual conjuntura política do continente, o Observatório Sociopolítico Latinoamericano – http://www.cronicon.net/ dialogou, em Buenos Aires , com Stella Calloni.

Acompanhados por um bom café no Centro Cultural da Cooperação Floreal Gorini, em plena Avenida Corrientes , a investigadora nos fez uma consciente análise da realidade latino-americana e da ingerência estadunidense.

Calloni é uma jornalista experiente; escritora e poetisa. Foi correspondente de guerra na América Central e se especializou em política internacional. Em sua vasta obra publicada estão incluídas crônicas, ensaios e livros, entre outros, como Torrijos y el Canal de Panamá (1975); La guerra encubierta contra Contadora (1993); Nicaragua: el tercer día (1986); Panamá, pequeña Hiroshima (1992); Los años del lobo: Operación Cóndor (1999); Operación Cóndor, pacto criminal (2001); Argentina: de la crisis a la resistencia (2002); la invasión a Irak, guerra imperial y resistencia (2002); América Latina siglo XXI (2004); Evo en la mira. CIA y DEA en Bolivia (2009).

Atualmente, é correspondente do Cone Sul para o diário La Jornada , do México e também atua como docente universitária. Entre as múltiplas distinções que recebeu, destacam-se o Premio Latinoamericano José Martí (1986); Premio Madres de Plaza de Mayo (1998); Premio Margarita Ponce Derechos Humanos de la Unión de Mujeres Argentinas y Premio Latinoamericano de Periodismo Samuel Chavkin, da revista Nacla Report of the Americas de Nueva York, ambos em 2001; além do Premio Escuela de Comunicaciones de la Universidad de la Plata , Argentina (2002).

Em função jornalística, percorreu praticamente toda a América Latina, bem como vários países da Europa, da África. Portanto, suas análises são feitas a partir de apalpar a realidade no próprio terreno. É conferencista internacional sobre temas de geopolítica latino-americana e sobre direitos humanos.

A INVASÃO SILENCIOSA DOS EUA NA AMÉRICA LATINA

- A senhora considera que a ingerência dos Estados Unidos tem se configurado de maneira mais sutil, ou continua sendo mantida a mesma estratégia de finais de século XX para dominar os povos?

- Se eles, em todos os seus documentos de política exterior, começaram a considerar que deviam levar em conta a Doutrina Monroe ("América para os americanos”) equivale assinalar que ela continua sendo a base de muitas coisas que eles fazem, com algo muito mais grave: agora o lema é "o mundo para os americanos”. Tudo isso, mais a reconfiguração que aconteceu após as Torres Gêmeas, que é um fato que ainda não sabemos quem é o responsável; pois, poderão dizer o que queiram, mas provas não existem de nenhuma espécie; é como se você me dissesse que alguém possa me dar uma prova de que a pessoa que mataram no Paquistão era Bin Laden. Não há provas; não existem e o que Estados Unidos digam, para mim não tem nenhuma veracidade, porque mentem eternamente. Após a configuração dessa doutrina de segurança hemisférica, começa também a nova doutrina de guerra preventiva, de guerra sem fronteiras e sem limites; desconhecendo as soberanias nacionais, ao mesmo tempo em que executam outra vertente de trabalho, que é sutil: o envio de todas essas fundações que nasceram durante o esplendor conservador de Reagan para evitar a presença direta da CIA, sobretudo depois de 1975, quando se formou a Comissão Church no Senado estadunidense para investigar o papel dessa Agência de Inteligência no golpe de Estado no Chile, o que motivou que, nos anos 80, a renovação da estratégia de conflitos e de guerra de baixa intensidade, que tem como base a contrainsurgência, que, em linguagem norte-americana, é a permissão aberta para todo tipo de ilegalidade no plano militar, político, cultural, social, econômico etc. Quando já se recicla para o período dos anos 90, são conformadas a NED (National Endowment for Democracy, fundação para a democracia; porém, teríamos que perguntar-nos que tipo de democracia), a Usaid (a agência internacional para o desenvolvimento, que nunca teve esse papel). Mas, sabemos que onde se instala esse organismo, há uma interferência direta dos Estados Unidos e a CIA está por trás. Com isso, conseguiram a invasão silenciosa na América Latina. Pude verificar isso diretamente no próprio terreno, por exemplo, na Bolívia, e observei como essas fundações trabalham, criando ONGs, que cumprem um papel chave na guerra de baixa intensidade; isto é, desestabilização de governos; intromissão em lugares; trabalho com grupos indígenas, como é o caso boliviano, no qual buscaram um líder indígena para fazê-lo aparecer, com o propósito de substituir a Evo Morales. Infelizmente, os governos latino-americanos ainda são muito débeis e não têm a suficiente clareza no sentido de que devem deter esse intervencionismo que pode levar a situações muito complicadas. De fato, no golpe de Estado na Venezuela, estavam a NED, a Usaid e outras fundações, inclusive socialdemocratas da Europa, que ficaram metidas no esquema internacional da CIA.

A ULTRADIREITA MILITAR LATINO-AMERICANA

- E no golpe de Estado em Honduras contra o presidente Manuel Zelaya?

- Em Honduras, também; e aí a intervenção teve também a participação de Unoamérica, sobre a qual a Colômbia deve ter muito cuidado e estar bem atenta às suas atuações. É uma fundação que nasceu na Colômbia, com um grupo de militares da ultradireita e com vários ex-militares de todas as ditaduras da América Latina.

- Qual é seu propósito?

- O propósito é praticamente executar a Operação Condor levada a outro plano. Apesar de que a Operação Condor não pode ser repetida. Unoamérica coincide no trabalho supranacional para poder mover-se sem nenhum limite nos vários países. Esses militares de ultradireita sustentam o mesmo que na época do Plano Condor, no sentido de que assim como o Cone Sul tinha que combater a coordenadora guerrilheira que havia se integrado nos anos 70, agora tem que enfrentar tanto os governos de esquerda, que participam no Fórum São Paulo, quanto a Unasul, a qual consideram igualmente uma organização supranacional; portanto, eles devem atuar para evitar o comunismo, porque falam do comunismo como se fosse no tempo da Guerra Fria. Por isso, nuclearam ao pior que encontram de militares envolvidas nas ditaduras latino-americanas e realizam um trabalho especial dentro dos grupos de segurança dos exércitos e das polícias, reciclando o discurso anticomunista do passado. Fazem um trabalho nas Forças Militares da região porque têm suas velhas conexões e, por isso, jogaram um papel determinante no golpe de Estado em Honduras. Alejandro Peña Esclusa, que hoje está preso na Venezuela e que é o presidente de Unoamérica, foi condecorado por Roberto Micheletti por sua colaboração efetiva para dar o golpe. Unoamérica provê mercenários, faz contrainsurgência para as necessidades da CIA, se move por toda a América Latina; vários de seus integrantes estiveram na Bolívia metidos no golpe de Estado que tentaram contra Evo Morales e, sobretudo, na tentativa de assassiná-lo.

- Conhecendo o ex-presidente colombiano, o tão questionado Álvaro Uribe Vélez, que papel ele joga em Unoamérica, de acordo com suas investigações?

- Vários militares que fazem parte de Unoamérica, segundo os registros que tenho, apóiam aos grupos paramilitares na Colômbia e são muito próximos a Uribe. Na Argentina, temos já a lista dos vinculados a essa fundação, que é encabeçada pelo coronel do grupo de caras-pintadas, Jorge Mones Ruiz, bem como há militares da ultradireita boliviana, uruguaia; eles buscaram os remanescentes das velhas ditaduras latino-americanas e se apóiam politicamente em grupos ultradireitistas da região.

- Geopoliticamente falando, nas atuais circunstâncias, quais são os aliados mais importantes dos Estados Unidos na América Latina?

- Geopoliticamente, enquanto está a invasão silenciosa, por cima estão mandando tropas e o porta-aviões dos Estados Unidos na região obviamente é a Colômbia com todas as suas bases militares e com sua estrutura. Além disso, o golpe de Honduras conservou a base de Palmerola e as novas como a Base de Gracia de Dios, que lhes permite controlar a Nicarágua.

- Aqui na Argentina, existe o convencimento de que na Colômbia estão operando as sete bases que o governo de Uribe entregou ao Comando Sul dos Estados Unidos. No entanto, a Corte Constitucional proibiu a utilização dessas bases. Segundo suas investigações, ditas bases militares estão realmente operando?

- Na realidade estão aí. É algo muito similar ao que acontece com a Base Mariscal Estigarribia, do Paraguai, ou com a Base de Palmerola, em Honduras. Aí , o que existem são pistas onde podem aterrizar aviões grandes, como têm feito na Colômbia. Essas bases não estão ocupadas permanentemente por soldados norte-americanos porque eles nunca se metem em lugares fechados. Agora, os Estados Unidos não necessitam enviar soldados para fazer funcionar as bases militares; mas as têm à sua inteira disposição. Obviamente, têm tudo preparado para se acaso necessitam mandar tropas. Ou, como acontecia na Bolívia, em que metiam uma estrutura da DEA dentro de uma base, que utilizaram quando quiseram matar Evo Morales, na época em que era deputado. Algo parecido estão fazendo na Colômbia.

JUAN MANUEL SANTOS E SUA RELAÇÃO COM O MOSSAD

- Na Colômbia também operam o Mossad (Agência de Segurança Israelita) e o Mi6 (Serviço de Inteligência Inglês). Em outros países latino-americanos também operam?

- O Mossad está no Paraguai, na Bolívia, na Venezuela e na Guatemala. Na Venezuela, sua presença é muito forte e na Colômbia opera há muitos anos, inclusive, antes que chegasse seu agente Yair Klein, que treinava e trazia da Jamaica armas para os grupos paramilitares. O problema é que o Mossad, atualmente, tem mais força do que a CIA; vários de seus membros se infiltram em comunidades judias dos países latino-americanos; porém, além disso, estão presentes no Iraque e na Líbia. Nas tarefas e na direção de todas as movidas de guerra suja, o Mossad é chave. No caso colombiano, o presidente Santos é filho do Mossad e ele não pode separar-se de Israel. Não se pode esquecer o papel que Santos jogou no ataque a Sucumbíos, quando a soberania equatoriana foi violada, para atacar o acampamento de Raúl Reyes. Recordo o sorriso de hiena de Santos quando mataram esse chefe guerrilheiro. Não creio que Santos queira a paz na Colômbia, como Israel tampouco a quer; o que ele deseja terminantemente é exterminar de qualquer maneira a um grupo político-militar insurgente.

- E no México, cuja situação social é muito explosiva?

- Nessa ocupação geopolítica, do Plano Colômbia, que é um plano de recolonização do continente, passaram para o Plano Mérida, do México. Esse plano é uma cópia do Plano Colômbia e, de fato, em seis anos, o México caiu em uma violência atroz. Nesse lapso, temos o mesmo número de mortos que na Colômbia e a isso devemos somar a destruição do campo mexicano e da cultura profunda dos povos, com o Tratado de Livre Comércio que assinou com os Estados Unidos e com o Canadá.

DESINFORMAÇÃO, ARMA DE GUERRA

- Falemos de outro aspecto fundamental para condicionar os povos, que é a guerra midiática...

- A guerra midiática é parte do projeto contrainsurgente. Hoje, a desinformação é uma arma de guerra utlizada para armar um projeto de guerra como aconteceu no Iraque, com a invenção das armas de destruição massiva, ou com o que aconteceu na Líbia, onde nunca houve um bombardeio de Gadafi contra a população civil, o que está totalmente provado. Para controlar o mundo, necessitam controlar a informação.

- A senhora denunciou o aproveitamento das máfias durante a etapa de esplendor do neoliberalismo...

- Um dos aspectos que temos que identificar nesse período histórico é a presença mafiosa nos governos. Os Estados Unidos estão sob o poder de máfias; sempre as usou para seus jogos. Necessitam da máfia; não podem sobreviver a esse esquema sem ela. Quem recebe a droga nos Estados Unidos: Onde é recebida? Mas, vem matar no lado mexicano; porém, por que não se dedicam a pescar do outro lado aos que recebem a droga? Por que os aviões carregados de droga chegavam às bases do Comando Sul, na Florida? E não era Manuel Antonio Noriega quem a mandava, porque ele não tinha nenhuma capacidade de operar com o Comando Sul. Mentiram de uma forma descarada na invasão do Panamá (em 20/12/1989) e percebi tudo porque eu estava lá. A gênese de todas as intervenções tem uma mentira por detrás e um aparelho de desinformação, que agora é mais fácil porque controlam tudo.

A LIDERANÇA DE CHÁVEZ

- Apesar de uma matriz de manipulação midiática, boa parte das pessoas na América Latina já não acreditam, e isso pode ser observado em países como a Venezuela, o Equador, a Bolívia, a Argentina, o Uruguai... Que pensa?

- O que acontece é que não entenderam que o processo neoliberal iria trazer uma realidade social terrível e as pessoas começaram a ter um olhar distinto. Isso aconteceu em países como a Venezuela, com Chávez, cujo povo passou a ser pensante e consciente.

- Falando da Venezuela, a senhora esteve recentemente em Caracas. Como está a liderança de Chávez? Tem possibilidade de reeleger-se em outubro de 2012?

- Sim, tem possibilidade de reeleger-se; inclusive, os índices de popularidade e de apoio ao seu governo aumentaram. Vejo que há uma grande consciência nas pessoas com relação aos alcances positivos do processo político liderado por Chávez. As coisas e os grandes avanços que foram feitos na Venezuela não são divulgados; porém, há uma recuperação do sentido de pátria, de defesa, de dignidade; e a enfermidade de Chávez produziu um apressamento nas bases para solidificar a unidade e a organização.

- Processos integracionistas que estão acontecendo na América Latina, como Unasul e Celac constituem uma pedra no sapato de Washington?

- Sim; qualquer coisa que seja unidade e integração é uma pedra no sapato. A unidade africana e a intenção que tinha Gadafi de concretizar uma moeda comum na África incomodam aos Estados Unidos. São coisas que eles não podem aceitar. Agora, tem uma América Latina com uns países modelo de algo distinto. No começo, não davam importância porque sempre os Estados Unidos conseguia interferir; por exemplo, em processos como o Mercosul. Porém, agora, a coisa é diferente, e nisso Chávez teve uma presença histórica, porque foi a cabeça para produzir uma federação distinta. Essa nova integração política e comercial dos países da América Latina é algo terrível para os Estados Unidos e, sobretudo, os fatos protagonizados por presidentes como Chávez e Evo Morales. No caso da Bolívia, Morales retirou a CIA e a DEA. Desde que a DEA saiu da Bolívia, e isso para os colombianos é essencial, o país deixou de ter uma violência no índice que tinha; deixou de morrer gente por conta da suposta guerra contra o narcotráfico. A embaixada norte-americana contava com um escritório na casa de governo, junto a do presidente da Bolívia. Quando Evo Morales assumiu perguntou por uma porta fechada junto ao seu escritório, que conduzia aos escritórios da DEA e da CIA. Para que saibamos até onde chegou a ingerência norte-americana sem que os países da América Latina o soubessem.

O BLOQUEIO A CUBA, DELITO DE LESA HUMANIDADE

- Falemos de Cuba. Hoje, a revolução cubana não é nenhuma ameaça aos Estados Unidos. No entanto, em pleno século XXI, como se explica que Washington continue mantendo o bloqueio econômico à ilha? Não é o caso de delito de lesa humanidade?

- Claro! É um delito de lesa humanidade. Além disso, tudo o que o bloqueio produziu, as consequências das agressões (como a guerra química e biológica contra Cuba), a cifra de doentes, o número de mortes pela dengue hemorrágica, mais a invasão a Bahia Cochinos, está reconhecido pelo próprio Congresso dos Estados Unidos. Mas Cuba continua sendo um exemplo de como poder resistir a noventa milhas do império para manter uma revolução que não quer sair do socialismo. Em contraste, os Estados Unidos ficaram em mãos de uma máfia que eles mesmos criaram. Uma máfia cubana que conta com senadores, representantes, governadores, prefeitos, todos com um passado espantoso e com relações profundas com o narcotráfico. Tentaram destruir Cuba por todos os meios, o bloqueio foi feito, inclusive, mais forte; porém, não puderam asfixiá-la e não creio que consigam.

AMÉRICA LATINA E SEU MELHOR MOMENTO HISTÓRICO

- Com exceção de países como o México, a Colômbia, o Chile e algumas nações da América Central, a América Latina está passando por um bom momento histórico, que pensa?

- Historicamente, a América Latina está passando por seu melhor momento; tem conseguido salvar-se da crise econômica e mostrar ao mundo que o remédio que estão utilizando na Europa não serviu para nada; portanto, podemos dizer que estamos à vanguarda da resistência, com lideranças como as de Chávez, Kirchner, Evo, Correa que brotaram dentro de um jogo eleitoral que os Estados Unidos impunham como salvação. Quantas tropas necessitarão para poder controlar o mundo? O certo é que os Estados Unidos vão a caminho de afundar. E em relação com a América Latina temos que dizer que nossos governos não podem mostrar nem um pouquinho de debilidade, porque qualquer abertura dá pé para que se meta esse poder imperial; temos tudo para evitar e uma mostra disso é o que aconteceu com a OEA, que já não tem voz; está falando como um afônico, porque a Unasul a substituiu mesmo sem ser ainda um organismo totalmente sólido.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Partido Comunista é a força oposicionista mais forte da Rússia

Diário Liberdade

No ultimo domingo (04/12/11) foram realizadas eleições parlamentares na Rússia.

O grande perdedor foi o Rússia Unida, partido do Presidente Medvedev e do Premier Putin, que obteve 49,45% dos votos no domingo, em comparação aos 64% de quatro anos atrás. A legenda garantiu 238 dos 450 assentos na Duma, a câmara baixa do Parlamento. Os números representam uma perda de 77 vagas e da maioria de dois terços que o partido havia conseguido em 2007 e que permitia promover mudanças na Constituição sem grandes problemas. Os governistas receberam quase um terço de votos a menos do que em 2007, no pior revés eleitoral para Putin desde assumiu o poder em 1999. Foram 15 milhões a menos de votos.

O Partido Comunista, considerado o grande vencedor do pleito, ficou em segundo lugar nas eleições, com 19,2% dos votos e 92 cadeiras. Ou seja, são mais ou menos 20% dos votos, constituindo assim a segunda força política do país. O Rússia Justa ficou em terceiro com 13,2% dos votos e 64 cadeiras, enquanto o nacionalista Partido Liberal Democrático conquistou 11,7% da votação e 56 lugares no Parlamento.

A eleição está sob suspeita de fraude em favor do Rússia Unida, conforme depoimento de observadores internacionais. Há uma grande mobilização popular, por toda a Rússia, para denunciar as fraudes e exigir a recontagem dos votos ou mesmo uma nova eleição.

Desde as legislativas de domingo, milhares de pessoas protestam nas ruas de Moscou e São Petersburgo contra os governistas e fraude eleitoral. Mickail Gorbachev, o indivíduo que deu a cartada final no socialismo soviético, também condenou o processo eleitoral e pediu realização de novas eleições.

Comunistas são segunda força no parlamento

Os comunistas também fazem parte daqueles que estão fazendo as denúncias. Em entrevista coletiva Gennady Zyuganov, que será candidato ano que vem a presidência pelo PC russo, disse que a eleição foi a mais suja desde a desintegração da URSS e que pelo menos 15% dos votos foram fraudados em favor dos governistas.

Zyuganov acrescentou também que o Partido Comunista da Rússia vai defender "na rua e no âmbito jurídico" a votação obtida por sua formação no pleito. Ele anunciou que recorrerão dos resultados de pelo menos 1.600 colégios eleitorais, onde as atas não correspondem com o cômputo paralelo realizado pelos observadores comunistas.

"Apesar do roubo de votos, dobramos nossa representação parlamentar. Os 90 mandatos nos dão a possibilidade de colocar uma série de iniciativas, incluindo a apresentação de uma moção de censura ao governo", afirma.

Líder comunista será candidato às presidencias do ano que vem

Como a força oposicionista mais forte atualmente, o Partido Comunista da Federação Russa (PCFR), pretende lançar candidatura para as eleições presidenciais que ocorrerão em 2012.

O projeto já foi lançado. Entre as principais propostas estão: garantir a soberania nacional, iniciar a transição da decadência econômica para um desenvolvimento acelerado e superar a pobreza e a degradação social que atinge amplos setores da população.

A frente liderada pelo Partido Comunista defende uma política econômica independente, que assegure o desenvolvimento sustentado e acelerado da Rússia. "Para isso há que libertar-se das destrutivas leis de mercado e restaurar a regulamentação da vida econômica pelo Estado. A condição mais importante para a reconstrução da economia será a propriedade estatal de todos os setores estratégicos. Vamos levar a cabo a nacionalização das matérias primas e outras indústrias principais. Essa medida se concentrará em mãos do Estado. Entre os setores que o PCFR planeja nacionalizar ganhando as eleições se encontram o petróleo, o gás, a energia elétrica, a metalurgia, a indústria de construção de máquinas e equipamentos, a construção de aviões, além de outros setores chaves na produção industrial", detalhou.

O plano do PCFR pretende assim restabelecer a justiça social e garantir a capacidade de produção da alimentação de toda a população do país. Para isso, os comunistas apoiarão a restauração das fazendas coletivas, pondo fim à especulação do solo.

"Sob a nossa liderança, o governo nacional vai criar um novo clima social e sociocultural. No país se imporá a amizade entre os povos desta nação. Devolveremos às pessoas a alegria de um trabalho criativo e socialmente significativo, pelo bem da pátria e da família. O governo levará uma luta decisiva contra o desemprego; garantirá a seguridade social e a preservação do desenvolvimento humano, o que será determinado pelas prioridades da política social do governo", concluiu Ziugánov.

Situação pós-desintegração da URSS

O resultado das eleições parlamentares da Rússia, no último domingo, revelou a crescente insatisfação da grande maioria da população com o elevado desemprego, a crescente desigualdade social, a perda de inúmeros direitos sociais e trabalhistas e a corrupção que domina boa parte da máquina estatal e suas ligações com os grandes grupos econômicos.

Este é o mesmo cenário que se encontra no leste europeu depois que o capitalismo foi reintroduzido a partir dos anos 90, logo após crise do chamado "socialismo

real".

Diário Liberdade

NA EUROPA, TUDO SOB CONTROLE

Teodoro Santana (*)

“Ding-dong. Senhores passageiros: por favor, olhem à sua direita. Verão o motor da asa direita incendiado. Mas não se preocupem, não há problema, está tudo sobre controle. Agora façam o favor de olhar para a sua esquerda. Verão o motor da esquerda incendiado. Mas não se preocupem, não há problema, está tudo sobre controle. Agora olhem para baixo. Verão três pontinhos brancos: são os paraquedas do piloto, copiloto e aeromoça. Mas não se preocupem, não há problema, tudo está sobre controle. Isso é uma gravação, isso é uma gravação...”

Esta velha piada ilustra melhor que outra descrição o que sucede na Europa. Olhem para a Grécia. Verão um país saqueado pelos bancos alemães, franceses e britânicos, que além de tudo impõem condições leoninas para empréstimos de dinheiro para pagar estes mesmo bancos que os limparam.

A rebelião popular enfureceu os banqueiros e seus guardiões. Os lobos europeus tiraram sua máscara democrática; nem referendo, nem eleições. Consultar o povo? Até aí podiam chegar. Mas o ruído do povo os obriga a levar em conta a cúpula militar para evitar um golpe de Estado. Mas não se preocupem, não há problema, tudo está sobre controle.

Agora, por favor, olhem para a Alemanha. Depois de conseguir um mercado cativo, o IV Reich germânico enriqueceu seus bancos extraordinariamente. Isso à base de arruinar seus próprios clientes, aos quais ainda impuseram condições como empobrecer mais através de cortes de direitos trabalhistas e sociais. Esgotada a galinha dos ovos de ouro, afundado o consumo, a locomotiva alemã adoece e entra na via morta da recessão. Mas não se preocupem, não passa nada, tudo está sobre controle.

Agora olhem para a Itália. Para a França. Para Portugal. Para a Espanha. Quanto mais aplicam as políticas de direita, mais asfixiam e arruínam os trabalhadores, ou seja, a imensa maioria dos consumidores. Agora têm que salvar seus bancos da quebra, com mais dinheiro público. Mas cada vez existe menos dinheiro público. A crise já é insustentável. Mas os bancos seguem repartindo lucros, ainda que seus balanços estejam tão falsos que assustariam o próprio Al Capone. Mas não se preocupem, não há problema, tudo está sobre controle.

Agora olhem para baixo. O pontinho branco é meu amigo Manolo. Acabaram-se suas últimas prestações do crediário. Mas, com mais de 50 anos de idade, não tem nem um euro para levar para casa. Não tem para pagar a luz ou o telefone. Nem sequer para chamar uma ambulância quando seu filho doente necessita. Mas não se preocupem, não há problema, tudo está sobre controle.

Continuem olhando. Aquele outro pontinho branco é minha amiga Carmem. Não tem para dar de comer a suas filhas. Passam metade do mês comendo biscoitos baratos; tomam leite aguado uma só vez ao dia. Mas não se preocupem, não há problema, tudo está sobre controle.

Arde a Europa, mas nos entretêm enquanto Messi marca gols, o Cristiano Ronaldo passeia, o Nadal ganha torneios de tênis, que alimentam a todos. A família real passeia com suas roupas de moda pela temporada de esqui. Ah sim, não tem com que se preocupar, não há problema, tudo está sobre controle!

Prestem atenção agora. Ouvirão alguns lamentos ao fundo. São o choro e o ranger de dentes das milhares de famílias abandonadas, sem casa, lançadas à rua. Juízes e policiais aplicam as implacáveis leis dos banqueiros. Não existe problema; afinal está tudo sobre controle.

Agora olhem ao fundo. Ali, ainda dispersos, se vêm uns pontinhos vermelhos. São os comunistas. Quando finalmente se unirem, já nada estará sobre controle.

(*) Teodoro Santana é membro do Comitê Central do Partido Revolucionário dos Comunistas de Canarias(PRCC)

veja a a Página do PCB – www.pcb.org.br

Partido Comunista Brasileiro – Fundado em 25 de Março de 1922

sábado, 10 de dezembro de 2011

Intervenção do PCB no XIII Encontro Mundial dos Partidos Comunistas e Operários






Esta é a intervenção do PCB, através do seu Secretário Geral, Ivan Pinheiro, no XIII Encontro Mundial de Partidos Comunistas, que reúne 82 partidos de todos os continentes, em Atenas (Grécia), sobre a conjuntura mundial e as perspectivas do socialismo.

Intervenção do PCB no XIII Encontro Mundial dos Partidos Comunistas e Operários

O Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro (PCB) saúda os partidos comunistas presentes, homenageando o anfitrião, o Partido Comunista Grego, referência para todos os revolucionários e trabalhadores do mundo, com seu exemplo de luta sem tréguas contra o capital.

O aprofundamento da crise sistêmica do capitalismo coloca para o movimento comunista internacional um conjunto de complexos desafios.

Estamos diante de um estado de guerra permanente contra os trabalhadores, uma espécie de “guerra mundial”, na qual o grande capital busca sair da crise colocando o ônus na conta dos trabalhadores. Esta é uma guerra diferente das anteriores, que tinham como centro disputas interimperialistas.

Apesar de persistirem contradições interburguesas e interimperialistas na atual conjuntura, as grandes potências (sobretudo os Estados Unidos e os países hegemônicos da União Européia) promovem hoje uma guerra de rapina contra todos os países periféricos, sobretudo aqueles que dispõem de riquezas naturais não renováveis e contra todos os trabalhadores do mundo.

A guerra é o principal recurso do capitalismo para tentar sair da crise: ativa a indústria bélica e ramos conexos, permite o saque das riquezas nacionais e a queima de capitais; os capitalistas ganham também com a indústria da reconstrução dos países destruídos.

Em meio à simultânea ocupação e destruição de diversos países nos últimos anos (Iraque, Afeganistão, Líbia), já começam a preparar as próximas agressões: a Síria e o Irã se destacam na atual fila. Todos os países vítimas são criteriosamente escolhidos segundo objetivos estratégicos hegemonistas.

Os métodos são sempre os mesmos: satanização, manipulação, estímulo ao sectarismo e a divisões entre nacionalidades, cooptações, criação ou supervalorização midiática de manifestações e rebeldias, atentados de falsa bandeira.

Daqui a algum tempo, poderemos estar diante de uma invasão de um país que, no dia de hoje, pareça-nos improvável.

Na guerra permanente, pelo menos nesta fase, têm sido poupados os chamados países emergentes, sócios minoritários do imperialismo, que legitimam a política das grandes potências, compondo, como atores coadjuvantes, o chamado Grupo dos 20. Seus mandatários aparecem na fotografia que simboliza o consenso entre os parceiros, mas as grandes decisões são tomadas em fóruns reservados, de que nunca se tem notícia.

Estes países emergentes (os chamados BRICS) se têm beneficiado da crise, na medida em que ajudam a superá-la; em seguida, poderão ser as próximas vítimas tanto da crise como de agressões militares. Fazem o jogo de linha auxiliar do imperialismo, como na omissão vergonhosa em relação à invasão da Líbia. Só levantam a voz quando algum interesse nacional é ameaçado. Caso contrário, lavam as mãos.

Em nosso país, nunca os banqueiros, as empreiteiras, o agronegócio e os monopólios tiveram tanto lucro. A política econômica e a política externa do estado brasileiro estão a serviço do projeto de fazer do Brasil uma grande potência capitalista internacional, nos marcos do imperialismo. As empresas multinacionais de origem brasileira, alavancadas por financiamentos públicos, já dominam alguns mercados em outros países, notadamente na América Latina.

Já a guerra contra os trabalhadores independe da classificação do país. É levada a efeito nas grandes potências, nos países emergentes e nos periféricos.

Em meio a esta grave crise e sem a consolidação ainda de um importante pólo de resistência proletária, o capital realiza uma violenta ofensiva para retirar dos trabalhadores os poucos direitos que lhes restam. Para fazê-lo, tentam cada vez mais fascistizar as sociedades, criminalizar os movimentos políticos e sociais antagônicos à ordem. A correlação de forças ainda nos é desfavorável. Ainda sofremos o impacto da contra-revolução na União Soviética e da degeneração de muitos partidos ditos de esquerda e de setores do movimento sindical.

Analisando este quadro, o PCB tem feito algumas reflexões.

- A nosso juízo, não há mais espaço para ilusões reformistas. Aliás, os reformistas, mais do que nunca, são grandes inimigos da revolução socialista, pois iludem os trabalhadores e os desmobilizam, facilitando o trabalho do capital. Em cada país, as classes dominantes forjam um bipartidarismo – em verdade um monopartidarismo bicéfalo – em que as divergências, cada vez menores, se dão no campo da administração do capital. Como não conseguem gerenciar a crise, aqueles que fazem o papel de oposição de turno invariavelmente vencem as eleições seguintes. É o que chamam de “alternância de poder”.

- Perdem sentido projetos nacional-desenvolvimentistas, não só porque é impossível desligar as economias capitalistas locais da esfera do imperialismo como também porque há cada vez menos contradições entre este e o núcleo hegemônico das chamadas burguesias nacionais.

- Cada vez também faz menos sentido a “escolha” de aliados no campo imperialista e mesmo entre seus coadjuvantes emergentes, como se houvesse imperialismo do “bem” e do “mal”. A diferença é apenas na forma, não no conteúdo. Isto não significa subestimar as contradições que vicejam entre eles.

- Não podemos conciliar com ilusões de transição ao socialismo por vias fundamentalmente institucionais, através de maiorias parlamentares e de ocupação de espaços governamentais e estatais. O jogo da democracia burguesa é de cartas marcadas. A luta de massas, em todas as suas formas, adaptada às diferentes realidades locais, é e continuará sendo a única arma de que dispõe o proletariado.

- Por mais bem intencionados que sejam, correm risco de esgotamento político os processos de mudanças progressistas baseados em líderes populares carismáticos, se esses processos não avançarem na construção do duplo poder, na destruição gradual do estado burguês e na autodefesa popular e de massas.

Temos avaliado também que o atual modelo de encontros de partidos comunistas e operários, que vêm cumprindo importante papel de resistência, precisa se adaptar às complexas necessidades da conjuntura mundial, com suas perspectivas sombrias no curto prazo e suas possibilidades de acirramento da luta de classes, com a emergência das lutas operárias.

Pensamos que é preciso romper com o “encontrismo” em que, ao final dos eventos, nossos partidos decidem a sede do próximo encontro e se despedem até o ano seguinte, inclusive aqueles dos países da mesma região.

Para potencializar o protagonismo dos partidos comunistas e do proletariado no âmbito mundial, é necessária e urgente a constituição de uma coordenação política que, sem funcionar como uma nova internacional, tenha a tarefa de organizar campanhas mundiais e regionais de solidariedade, contribuir para o debate de ideias, socializar informações sobre as lutas dos povos.

Mas, para além da indispensável articulação dos comunistas, parece-nos importante a formação de uma frente mundial mais ampla, de caráter antiimperialista, onde cabem forças políticas e individualidades progressistas, que se identifiquem com as lutas em defesa da autodeterminação dos povos, da paz entre eles, da preservação do meio ambiente, das riquezas nacionais, dos direitos trabalhistas, sociais e políticos; contra as guerras imperialistas e a fascistização das sociedades. Em resumo, as lutas em defesa da humanidade.

Deixamos claro que o nosso Partido valoriza qualquer forma de luta. Não podemos cair no oportunismo de fazer vistas grossas ao direito dos povos à rebelião e à resistência armada. Em muitos casos, esta é a única forma de fazer frente à violência do capital e de superá-lo. Os povos só podem contar com sua própria força.

Neste marco, concluímos nossa intervenção saudando os povos que hoje enfrentam as mais duras batalhas. Saudamos os trabalhadores gregos e portugueses que já se levantam em greves nacionais e grandes jornadas e os demais trabalhadores da Europa, que enfrentam terríveis planos do capital para tentar superar a crise, hoje mais acentuada no continente europeu e que poderá agravar-se e espalhar-se para outros países e regiões.

Saudamos o povo palestino, em sua saga duradoura e dolorosa no enfrentamento ao sionismo que o sufoca e reprime, ocupa seu território, derruba suas casas, prende seus melhores filhos e impede seu direito a um Estado soberano.

Da mesma forma, saudamos os também sofridos povos do Iraque, do Afeganistão, da Líbia. Saudamos os povos do Egito, do Iêmen e de vários países árabes, em sua luta contra a tirania e a opressão.

Saudamos os sírios e iranianos, contra os quais já batem os tambores de guerra do imperialismo. Sua resistência pode barrar os planos do sinistro consórcio EUA/OTAN/Israel para o Oriente Médio, a África, a Ásia e o mundo em geral.

Chegando até nossa América Latina, saudamos nossa querida Cuba Socialista em sua luta contra o cruel bloqueio ianque. Saudamos nossos Cinco Heróis. Saudamos os processos de mudanças concretas na América do Sul (Venezuela, Bolívia e Equador), neste momento decisivo, uma encruzilhada entre o avanço dos processos ou sua derrota.

Saudamos o povo colombiano que, nas cidades e nas montanhas, resiste, através de variadas formas de luta, contra o estado terrorista de seu país, a grande base militar norte-americana na América Latina, um dos regimes mais sanguinários do mundo.

Concluímos nos associando à proposta de realização de nosso próximo encontro anual no Líbano, em pleno Oriente Médio, palco principal das guerras imperialistas neste período.

Desde já, reiteramos nossa proposta de criação de coordenações políticas internacionais e regionais dos Partidos Comunistas, tendo como princípio fundamental o internacionalismo proletário.

Atenas, 10 de dezembro de 2011

PCB – Partido Comunista Brasileiro

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O CAPITALISMO EUROPEU EM CRISE.

Reino Unido tem a maior greve no setor público desde 79



A polícia metropolitana de Londres disse que 52 pessoas foram detidas em manifestações e tumultos (Foto: AFP/Paul Ellis)
O Reino Unido enfrentou nesta quarta-feira, 30, a maior greve em uma geração, com cerca de 2 milhões de professores, funcionários do controle da imigração e outros setores públicos cruzando os braços. Nos hospitais, foram canceladas ou adiadas 6 mil cirurgias e 62% das escolas públicas não abriram, segundo informações do jornal The Guardian, que citou sindicatos.

Os trabalhadores protestaram contra planos do governo para fazê-los se aposentarem mais tarde e pagarem mais por suas pensões. As medidas de austeridade do primeiro ministro David Cameron, do Partido Conservador, tem como objetivo reduzir a dívida pública de 967 bilhões de libras (US$ 1,5 trilhão).

A polícia metropolitana de Londres disse que 52 pessoas foram detidas em manifestações e tumultos.

Cerca de dois terços das 21.700 escolas públicas britânicas ficaram fechadas nesta quarta-feira, com a adesão muito forte dos professores à greve, principalmente na Inglaterra e no País de Gales. Sindicatos dos trabalhadores disseram que dois milhões de funcionários públicos aderiram à paralisação, a maior desde a infame disputa trabalhista de 1979, o "Inverno do Descontentamento", que precedeu na época a chegada da conservadora Margareth Thatcher ao poder como premiê.

Serviços de emergência, como ambulâncias e socorristas, só atenderam casos extremos, quando os pacientes corriam risco iminente de morrer. Embora o temor fosse de caos nos aeroportos, isso em grande parte foi evitado ou amenizado com medidas de contingência.

No Aeroporto de Heathrow, as empresas aéreas alertaram os passageiros de que poderiam ocorrer atrasos de até 12 horas na passagem pela imigração por causa da greve, mas os voos que chegaram nesta quarta-feira dos Estados Unidos, dos países europeus e da Ásia não foram muito afetados.
As informações são da Associated Press e da Dow Jones.

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domingo, 27 de novembro de 2011

Viva a Conferência Política do PCB





Um belo encontro,

camaradas de diversas gerações,

dos mais variados lugares do nosso querido Brasil.

Homens e mulheres que vêm lutando

há décadas,

muitos que foram presos e torturados,

para que entregassem os camaradas,

os aparelhos,

onde clandestinamente o partido se organizava.

Camarada Secretário Geral fez a chamada dos desaparecidos,

que foram torturados até a morte,

e, as famílias de sangue, dos lutadores e de coração,

nem tiveram o direito de o enterrarem,

embora estejam presentes nas lutas,

nas fábricas, nos campos, nas crianças sem perspectivas de futuro,

nas mulheres e nos homens oprimidos pela exploração do capital, nos momentos de luta

e de congraçamento.

Junto deles, os que também se encantaram, mas que aqui compartilharam os melhores dias de suas vidas

pela causa do socialismo,

homens e mulheres, como

David Capristano, Hiran Pereira, Gregório Bezerra, Luiz Carlos Prestes, Olga Benário, Raimundo, Mariguella, Ana Montenegro e tantos outros e outras,

que deixaram seu exemplo e sua obra para que pudéssemos seguir adiante,

caminhando,

lutando,

costruindo o PCB e a luta de massas.

Junto com a Conferência,

muitas outras reuniões paralelas ocorreram,

da aguerrida juventude,

das mulheres lutadoras,

dos solidários internacionalistas,

do incasável e barulhento movimento sindical,

dos mestres professores,

do Comitê Central e para finalizar esse dias de debates e teses,

mais um ato de solidariedade à figura lutadora,

que caiu em combate,

lutando pelo socialismo,

defendendo a Colômbia,

a América Latina,

enfrentando o Imperialismo.

Alberto Cano, ao que todos responderam "PRESENTE!".

Havia pessoas de diversas camisas,

a do PCB, a da CCCP, do Flamengo, do Vasco,

do Corinthians, do Cruzeiro, do América Mineiro, do Grêmio,

do Palmeiras, do CHE, da Palestina...

mas, nesta diversidade de cores e clubes,

o que ficou marcado,

foi a nossa unidade,

o fortalecimento do que nos indica

que a Revolução tem o caráter Socialista,

que hoje mais do que nunca,

é fundamental a organização do Partido,

cada um em uma base,

cada qual na luta sindical, estudantil, nos movimentos sociais.

o PCB é cada um, somos todos nós,

"De norte a sul, e no País inteiro,

Viva o Partido Comunista Brasileiro!"

Por Roberto Arrais (PCB Pernambuco)

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Espanha: Secretário-geral do PC agradece militância por eleição


22 de Novembro de 2011 - 20h21
Espanha: Secretário-geral do PC agradece militância por eleição

O Secretário-geral do Partido Comunista da Espanha (PCE), José Luis Centella, leva de volta o partido ao Congresso dos Deputados, eleito pela Izquierda Unida (IU, na sigla em espanhol) de Sevilha no último domingo (20).

José Luis Centella, secretário-geral do PC da Espanha

José Luis Centella, secretário-geral do PC da Espanha
Para Centella, os resultados foram obtidos com "trabalho e capricho" da organização. "Lutaremos pela regeneração democrática deste país, trabalharemos pela democracia econômica e a distribuição da riqueza e levaremos a voz da classe trabalhadora ao Parlamento", afirmou.

No último domingo, o PCE felicitou o resultado eleitoral da Esquerda Unida, apesar do sistema eleitoral antidemocrático vigente no país. A EU elegeu 11 deputados, como explicou o Coordenador Federal da organização e deputado por Madri, Cayo Lara.

"Na realidade, o número de votos na EU corresponderiam a 25 deputados eleitos, isso significa que o sistema roubou 14 vagas que seriam nossas, mais ainda que a outros partidos", afirmou.

Leia abaixo a carta de José Luis Centella à militância após a divulgação dos resultados das eleições gerais de 20 de novembro:

Carta de José Luis Centella, Secretario-geral do PCE, à militância

22 de novembro de 2011

Camaradas:

Os resultados das eleições gerais confirmam a vitória do PP, que obtém uma ampla maioria parlamentar, que complementa suas vitórias nas eleições municipais e regionais de maio passado.

Com esta maioria parlamentar absoluta (obtida graças à injusta lei eleitoral, que nos faz padecer), o PP controlará a quase totalidade do poder institucional do Estado, desde o local até o central e, portanto, terá plena capacidade matemática para aplicar suas políticas neoliberais.

É significativo que este resultado, que confirma nossa análise de que o PSOE estava estendendo o tapete vermelho para que o PP caminhasse até a porta do Palácio de Moncloa (sede do governo), tenha acontecido mais por repúdio ao PSOE que por méritos próprios. Assim, em relação a 2008, o PP só obteve 541.358 votos a mais, enquanto que o PSOE perdeu 4.315.455, dos quais mais de um milhão aconteceram por abstenção.

A Esquerda Unida obtém o melhor resultado desde 1996, elegendo 9 deputados a mais que em 2008, com um acréscimo de 710.864 votos em relação àquele ano. Importante também é o aumento da votação no UPyD, como um voto do eleitorado mais moderado do PSOE, isto é, daqueles que rechaçam a política errática do PSOE e, às vezes, também da Esquerda Unida, sobre o modelo de Estado. Ainda assim, se beneficia da boa imagem de Rosa Diez e de seu caráter de força democrática-radical, no sentido italiano do termo.

A partir deste novo mapa político, devemos nos preparar para agir e dar respostas a partir das políticas que aprovamos e que entendemos serem invariáveis, já que o PP não só não vai mudar a política de submissão aos mercados e de cortes de direitos sociais e democráticos, como também vai aprofundá-los mais ainda.

Há três anos, em novembro de 2008, o PCE, junto com outros companheiros, deu impulso a uma nova etapa na Esquerda Unida, baseada em um discurso anticapitalista, republicano e federal, no desenvolvimento da organização como movimento político e social, tudo isso marcado em seu processo de refundação.

Um ano depois, o 18º Congresso do PCE ratificou essa política, a partir da aposta inequívoca no envolvimento do Partido na Esquerda Unida e na manutenção da CC.OO. (Comissiones Obreras) como nossa referência no movimento sindical.

Foram três anos difíceis, às vezes com incompreensões por parte de alguns e rasteiras por parte de outros. Tivemos de fazer frente às "operações" que pretendiam eliminar a EU do mapa político, para construir uma esquerda "mais palatável", que naturalmente perderia de seu bojo o PCE.

Tivemos de vencer a batalha da coerência no discurso, buscando o foco do conflito capital-trabalho. Ganhamos credibilidade no conflito social e na política de alianças. Tudo isso, hoje, sai reforçado com o resultado eleitoral e a própria composição do grupo parlamentar da EU e nos permite olhar para o futuro com otimismo, mas com a responsabilidade de que agora é quando devemos aumentar ainda mais nossas apostas para melhorar a federação, a organização, a mobilização a partir da base, tudo que foi teorizado na Assembleia Federal agora deve se concretizar.

Nesse sentido, o êxito eleitoral da EU é o êxito de uma linha política, de uma equipe de direção e de uma estratégia de refundação, complementada pela Convocatória Social, linha política e estratégica na qual o PCE está plenamente integrado.

A partir da valorização positiva queremos felicitar o conjunto da militância, que contribuiu para desenvolver a EU em cada território, que contribuiu para melhorar nosso trabalho no movimento operário e, concretamente, a nos dar a referência na nova etapa, também vivida pelas CC.OO.; Queremos felicitar aos que deram o melhor de si mesmos em apoio às candidaturas da EU, entendendo que esta, e nenhuma outra, era a política aprovada pelo 18º Congresso do PCE.

Queremos felicitar também o conjunto da EU e suas federações, a todas as organizações com as quais compartilhamos a candidatura, demonstrando que a aposta pela unidade da esquerda em torno de um programa é uma esperança para 1,7 milhão de pessoas.

Hoje é dia de celebrações, de felicitações, mas também quero, de novo, deixar claro que o bom resultado obtido supõe uma responsabilidade que o Partido deve assumir para aprofundar na evolução dos acordos do 18º Congresso, não só no que se refere à EU, mas também sobretudo no que se refere ao desenvolvimento da unidade da esquerda, em torno de uma Alternativa Social Democrática e Anticapitalista. Deve-se desenvolver isso nas instituições e também nas ruas. Temos de estar mais que nunca dispostos a buscar as alianças sociais e políticas máximas na defesa dos direitos dos trabalhadores que o PP vai tratar de cortar, em sintonia com as políticas de ajuste que defendem, a partir dos "mercados" .

Nos próximos dias, os orgãos do Partido analisarão a nova realidade do período pós-eleitoral, para assim determinar nossa ação política nos próximos meses, quando também deveremos avançar no fortalecimento da organização do Partido, já que a nova etapa que deveremos enfrentar necessita de um partido organizado, ativo e atuante no conflito social.

O conjunto da militância, começando pelas suas organizações mais básicas até as mais elevadas, deve participar deste debate e deve colocar em marcha as tarefas propostas pelo Comitê Federal. Os próximos quatro anos exigirão muito dos trabalhadores e o partido, mais uma vez, tem de estar à altura das circunstâncias.

Fonte: Mundo Obrero

Partido de Vladimir Putin pode perder maioria constitucional

Sexta-feira, Novembro 25, 2011

O Partido Rússia Unida, dirigido pelo primeiro-ministro Vladimir Putin, poderá perder a maioria constitucional na câmara baixa do Parlamento Russo, mas manter a maioria relativa, apontam sondagens hoje publicadas por centros de estudo de opinião pública.
Segundo o estudo do Levada Center, o Partido Rússia deverá conquistar, nas eleições parlamentares de 4 de dezembro, 53 por cento dos votos, o que lhe dará 252 assentos na Duma Estatal, câmara baixa do Parlamento da Rússia.
Em comparação com o escrutínio de 2007, o partido de Putin poderá perder cerca de 60 deputados.
Nas eleições de 2007, o Rússia Unida conquistou 64,3 por cento dos votos e 315 dos 450 deputados eleitos, o que lhe permitia fazer alterações constitucionais. Por exemplo, o mandato do Presidente da Rússia passou de 4 para 6 anos e o da Duma Estatal de 4 para 5.
O segundo lugar pertencerá ao Partido Comunista da Federação da Rússia, que conseguirá 20 por cento dos vostos, sendo seguido do Partido Liberal Democrático (nacionalista) com 12 por cento e do Partido Rússia Justa (centro-esquerda) com 9 por cento.
As restantes três forças políticas que participam no escrutínio: Partido Iabloko (liberal), Causa Justa (centro-direita) e Patriotas da Rússia (centro-esquerda) não deverão conseguir mais do que um por cento dos votos.
Só terão representação parlamentar, as forças políticas que superarem a barreira dos 7 por cento.
Outra sondagem, desta vez do Instituto de Estudo da Opinião Pública (VTSIOM), aponta que o Rússia Unida poderá conquistar 53,7 por cento dos votos e 262 dos 450 mandatos.
O Partido Comunista conseguirá 16,7 por cento, o Partido Liberal Democrático – 11,6 por cento, o Rússia Justa 10 por cento.
Quanto aos restantes três partidos, o Iabloko poderá conquistar 2.9 por cento, o Causa Justa – 1,7 por cento e o Patriotas da Rússia – 1,6.
Se estas previsões se concretizarem, o Partido Rússia Unida verá a sua presença na Duma reduzida de 315 para 262 mandatos; o Partido Comunista aumentará de 57 para 82; o Partido Liberal Democrático crescerá também de 40 para 57 e a Rússia Justa subirá de 38 para 49 mandatos.
O mesmo estudo aponta uma afluência às urnas da ordem dos 58 por cento dos inscritos.
Hoje é o última dia em que é permitido publicar sondagens antes do acto eleitoral de 04 de dezembro.
Publicada por Jose Milhazes em 19:51 2 comentários

Rússia: Ziugánov expõe programa de candidatura comunista

Rússia: Ziugánov expõe programa de candidatura comunista

O líder do Partido Comunista da Federação Russa, Gennadi Ziugánov, candidato a presidência nas eleições que se realizarão em março de 2012, apresentou seu plano de governo para reconstruir o grande país, saqueado e sucateado pelo regime selvagem imposto após a desintegração da União Soviética, na década de 1990.

O dirigente comunista afirmou que “chegando ao poder, as forças patrióticas transformarão o país e mudarão o destino da Rússia no interesse dos trabalhadores e do povo”. O plano divulgado abrange três questões principais: garantir a segurança nacional; iniciar a transição da decadência econômica para um desenvolvimento acelerado; e superar a pobreza e a degradação social que atinge amplos setores da população.

Para conseguir isso, Ziugánov assinalou que “o governo de confiança nacional se centrará no fortalecimento da posição da Rússia no âmbito internacional. Começará a libertar o país da ditadura das regras do mundo globalizado: o governo garantirá a soberania da Rússia e oferecerá condições favoráveis para seu desenvolvimento”.

O secretário-geral do PCFR, referindo-se à política exterior proposta, disse que as novas relações internacionais da Rússia adotarão a soberania e a equidade nas relações com os estados, e defenderão o fortalecimento do papel da ONU e a limitação da influência da Otan.

A frente liderada pelo Partido Comunista defende uma política econômica independente, que assegure o desenvolvimento sustentado e acelerado da Rússia. “Para isso há que libertar-se das destrutivas leis de mercado e restaurar a regulamentação da vida econômica pelo Estado. A condição mais importante para a reconstrução da economia será a propriedade estatal de todos os setores estratégicos. Vamos levar a cabo a nacionalização das matérias primas e outras indústrias principais. Essa medida se concentrará em mãos do Estado. Entre os setores que o PCFR planeja nacionalizar ganhando as eleições se encontram o petróleo, o gás, a energia elétrica, a metalurgia, a indústria de construção de máquinas e equipamentos, a construção de aviões, além de outros setores chaves na produção industrial”, detalhou.

O Governo Popular, disse Ziugánov, “porá em marcha uma nova industrialização do país, assegurando o restabelecimento do potencial econômico da Rússia. A base para isso será a nova industrialização realizada sobre a base do progresso científico e tecnológico”.

O plano do PCFR pretende restabelecer a justiça social e garantir a capacidade de produção da alimentação de toda a população do país. Para isso, os comunistas apoiarão a restauração das fazendas coletivas, pondo fim à especulação do solo.

“Sob a nossa liderança, o governo nacional vai criar um novo clima social e sociocultural. No país se imporá a amizade entre os povos desta nação. Devolveremos às pessoas a alegria de um trabalho criativo e socialmente significativo, pelo bem da pátria e da família. O governo levará uma luta decisiva contra o desemprego; garantirá a seguridade social e a preservação do desenvolvimento humano, o que será determinado pelas prioridades da política social do governo”, concluiu Ziugánov.

Fonte: Hora do Povo

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Rússia se reconcilia com a linha dura na política externa

Rússia se reconcilia com a linha dura na política externa


A Rússia, que se recusa com obstinação a se juntar às nações Ocidentais para condenar a repressão na Síria, defende seus interesses na região e reata com o "niet" da guerra fria, para reafirmar seu papel de grande potência, 20 anos após a queda da URSS, estimam analistas.

Moscou vetou no mês passado, no Conselho de Segurança da ONU, uma resolução ocidental condenando a repressão a manifestações por parte do regime de Bashar al-Assad, mais e mais isolado no cenário internacional, opondo-se, em seguida, a todas as sanções contra seu aliado sírio.

No momento em que a violência fez, segundo as Nações Unidas, pelo menos 3.500 mortos desde o início da revolta, em meados de março, o chefe da diplomacia russa, Sergue¯ Lavrov, acusou na semana passada a oposição síria de fazer o país correr o risco de uma "guerra civil".

O primeiro-ministro e homem forte do país, Vladimir Putin, fez um apelo à "moderação", na sexta-feira, em Moscou ao ministro francês François Fillon, que buscava intensificar a pressão internacional sobre Damasco.

A Rússia também se opõe a novas sanções reclamadas pelos Ocidentais contra o Irã, por seu programa nuclear controverso, defendendo, assim, uma linha dura que lembra a da URSS de Andre¯ Gromyko, o ministro das relações Exteriores de 1957 à 1985, chamado de o "Senhor Niet".

"Apesar das mudanças econômicas e políticas, a Rússia herdou muito da diplomacia da URSS, e dá prosseguimento, em inúmeros assuntos, à tradição da época de Stalin e Brejnev", afirma o cientista político Evgueni Volk, da Fundação Yeltsin.

A política externa russa continua assim, segundo ele, após os parênteses dos anos 1990, seguidos pela derrubada do regime soviético (1991), a "ter como base o antiamericanismo", mostrando-se compreensiva com antigos aliados da URSS como Cuba, Coreia do Norte e Irã, acrescentou ele.

Sob o regime de Vladimir Putin, que considerou a queda da URSS "a maior catástrofe geopolítica" do século XX, a Rússia procura reconquistar a influência perdida, apresentando-se como grande potência rival dos Estados Unidos.

As tensões com o Ocidente sobre a Síria e o Irã acontecem, também, antes de importantes eleições na Rússia: as legislativas de 4 de dezembro e a presidencial, de março de 2012, com o retorno esperado ao Kremlin de Putin, que já foi presidente de 2000 a 2008.

"A Rússia não vai abandonar seus aliados, principalmente antes das eleições marcadas pela subida de tom do nacionalismo", considera Volk.

A firmeza da diplomacia russa sobre a Síria e o Irã contrasta, no entanto, com a decisão de Moscou, de março, de se abster na votação, no Conselho de Segurança da ONU, da resolução que autorizou a intervenção internacional na Líbia.

Uma decisão - mesmo se a Rússia criticou depois os bombardeios da Otan - interpretada como uma concessão feita aos Ocidentais, da qual Moscou não tirou nenhuma vantagem.

Após ter assinado contratos promissores no país, sob o regime de Kadhafi - armamentos, estradas de ferro, projetos de exploração de petróleo - a Rússia soma, hoje, suas perdas, em vários bilhões de dólares.

O apoio da Rússia a regimes como o de Damasco se explica, também, pela defesa de seus interesses, uma vez que Moscou é um importante fornecedor de armas à Síria e ao Irã, onde os russos construíram a primeira central nuclear do país.

domingo, 20 de novembro de 2011

EUA: mãe de soldado morto se compromete com presos cubanos 20 de novembro de 2011

A mãe de um soldado americano que morreu na guerra do Iraque disse, em visita a Cuba, que "tem um compromisso" com as libertações de quatro cubanos presos em seu país acusados de espionagem e envolvimento no abatimento de dois aviões. As informações são da agência Ansa.

Cindy Sheehan participou de um encontro em Holguín, a 900 km da capital Havana, com 400 pessoas de cerca de 50 países que pediram a Washington a libertação dos cubanos presos desde 1998.

Sheehan entregou às mães dos condenados Antonio Guerrero e Fernando González, considerados heróis nacionais na ilha, um colar, presente de seu filho morto, Casey.

Além deles, também estão presos Ramón Labañino e Gerardo Hernández. Recentemente, um quinto cubano que estava detido nos Estados Unidos, René González, pelas mesmas acusações, saiu da cadeia. Apesar disso, ele ainda deve cumprir uma pena de três anos de liberdade assistida em território americano.

Autoridades cubanas já admitiram que os "cinco heróis" trabalhavam como agentes, mas afirmaram que sua missão era impedir atos terroristas contra o então presidente Fidel Castro e que, portanto, eles não ameaçavam a segurança dos Estados Unidos.

Cultura negra é cada vez mais presente no visual e nas músicas preferidas pelos jovens

A expressão “orgulho de ser negro” foi abolida do vocabulário de muitas pessoas por medo do preconceito. Com o passar do tempo, porém, o resgate cultural fez com que os negros assumissem a “negritude” na maneira de ser. Cada vez mais difundida entre os jovens brasileiros, a cultura afro está presente no visual, nas preferência musicais, nos estudos e na religião.

Por influência da mãe, o motoboy Calleb Augusto do Nascimento, de 22 anos, começou a se engajar no movimento negro há quatro anos. O conhecimento do mundo afro fez com que o rapaz mudasse seu estilo e assumisse suas preferências musicais, no caso, o reggae. “Fiz o rasta [penteado característico dos apreciadores do reggae] para me diferenciar, quis mostrar meu estilo black. Se você for ver, 80% dos homens negros têm cabelo rapado. Eu sou o único entre os meus amigos [que tem esse visual]”. Para ele, o negro está conseguindo conquistar o seu espaço, pois está mais “desinibido para isso”.

Cada vez mais, os jovens estão se identificando com a cultura negra. Prova disso são os dados do Censo 2010, divulgados recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrando que os jovens brasileiros entre 15 e 24 anos se declaram pretos e pardos mais do que os adultos. De 34 milhões de jovens nessa faixa de idade, 18,5 milhões se autodeclararam pretos e pardos. Dentre os adultos, 54 milhões dos 107 milhões dessa faixa etária (25 a 59 anos) se disseram pretos ou pardos.

De acordo com o sociólogo e professor do Decanato de Extensão Universitária da Universidade de Brasília (UnB) Ivair Augusto Alves dos Santos, o movimento de resgate cultural negro começou na década de 1950. “Em 1970, a mudança foi física, ou seja, na aparência, com o movimento Black Power. Na década de 2000, a mudança é política e envolve o debate de ações afirmativas.”

Santos atribui esse movimento impulsionado pela juventude às transformações tecnológicas, uma vez que os jovens negros de hoje têm mais possibilidades. “Se compararmos as possibilidades, vemos que são maiores. Você tem grupos de música que conseguem atingir grandes massas, tem mais informações também.

A cabeleireira Rosemeire de Oliveira, de 32 anos, aponta uma mudança de mentalidade no país, lembrando que, antigamente, ninguém falava sobre “o que é ser negro”. Ela trabalha em um salão afro de Brasília há 12 anos. A maioria dos clientes, segundo ela, são os jovens. “Teve uma época que ser negro era moda. Agora, os negros realmente estão se assumindo e aprendendo a se gostar mais.”

A trança de raiz é o penteado mais popular no salão de Rosemeire. embora também haja procura por alisamento. “Tem gente que alisa o cabelo porque gosta, mas tem outras que o fazem porque o trabalho impõe ou para se sentirem mais iguais às outras pessoas. Essas ainda não se assumiram”, disse a cabeleireira.

Cliente de Rosemeire desde criança, a estudante Brenda Araújo Soares Alexandrino de Souza, de 14 anos, usa tranças no cabelo desde os 3 anos. “Tinha cabelo volumoso e minha mãe fazia as tranças. Minhas amigas gostam, admiram e estão pensando em fazer.” adolescente, que faz aniversário hoje (20), Dia da Consciência Negra, acredita que as pessoas estão se identificando mais com a cultura. “Antigamente, não tinham coragem de se mostrar por causa do preconceito. Eu não tenho medo disso.”

O percussionista baiano Ubiratã Jesus do Nascimento, de 40 anos, conhecido como Biradjham, cresceu envolvido com a cultura negra. Há 25 anos trabalha com música e já tocou com bandas famosas da Bahia.Adepto do candomblé, Biradjham diz que os negros têm mais liberdade atualmente. "O movimento está mais forte. A mudança cultural vem de muito tempo, mas hoje tem mais força".
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Saudação ao Povo Negro

Saudação ao Povo Negro


16 Novembro 2011



O Partido Comunista Brasileiro associa-se às celebrações pela passagem do Dia da Consciência Negra


O comprometimento de nosso partido para com as lutas pela valorização do negro brasileiro vem de longa data. Já em julho de 1930 denunciávamos a persistência de elementos de escravidão na situação real experimentada pelos negros do país, não obstante a tão propalada Abolição da Escravatura. Neste mesmo ano, nas eleições presidenciais, apresentamos ao povo a candidatura de Minervino de Oliveira, militante de nosso partido, que se tornou então o primeiro negro e o primeiro operário a disputar a presidência da república.

Em nossa Primeira Conferência Nacional de julho de 1934, realizada na mesma época em que se iniciava a propagação da tese da “democracia racial brasileira”, denunciávamos o racismo das classes dominantes e nos comprometíamos a apoiar todas as lutas pela igualdade de direitos econômicos, políticos e sociais de negros e índios.

Ainda em meados da década de 30, o intelectual comunista baiano Edison Carneiro iniciava uma vasta e significativa obra de investigação e resgate da cultura afro-brasileira, tornando-se um dos pioneiros em tal campo de estudos e uma referência fundamental até os dias de hoje. Este mesmo Edison Carneiro, com o apoio de outros intelectuais comunistas como Jorge Amado e Aydano do Couto Ferraz, criava, no ano de 1937, a União de Seitas Afro-Brasileiras, a primeira entidade criada no país com o objetivo de proteger e cultivar os valores e as tradições religiosas de matriz africana.

Na década de 1940, o PCB solidificou seu engajamento na luta contra o racismo e em defesa da cultura afro-brasileira. Sob sua legenda elegeu-se, em 1945, Claudino José da Silva, primeiro negro a exercer mandato parlamentar e primeiro constituinte negro da história do Brasil. Durante os trabalhos da Assembléia Nacional Constituinte de 1946, coube ao escritor e deputado comunista Jorge Amado a elaboração do projeto da primeira lei federal que estabeleceu a liberdade para a prática das religiões afro-brasileiras. Este período registra também a criação do Teatro Experimental do Negro, que tem como um de seus principais expoentes o ator, poeta e teatrólogo comunista Francisco Solano Trindade, que marcaria com sua atividade intensa a arte popular brasileira das décadas seguintes. Alguns anos mais tarde, apareceram os primeiros trabalhos de Clóvis Moura, então vinculado ao PCB, cuja produção aportaria uma importante contribuição aos estudos históricos e sociológicos sobre o negro no Brasil.

Se no passado nós comunistas estivemos presentes em praticamente todos os momentos relevantes da trajetória do povo negro brasileiro, no presente continuamos a apoiar e nos envolver com essas lutas. Apoiamos as reivindicações imediatas e conquistas parciais do movimento negro como a titulação das terras das comunidades remanescentes de quilombos e o Estatuto da Igualdade Racial. No entanto, compreendemos que nenhuma destas conquistas estará assegurada no futuro enquanto perdurarem: a) o esvaziamento e sucateamento das universidades públicas, a privatização e a mercantilização do ensino; b) o controle do Estado pelos grandes proprietários fundiários e a subordinação da política agrária do governo aos interesses do agro-negócio; c) a hegemonia dos interesses do grande capital nacional e internacional no interior da sociedade brasileira e a subordinação das necessidades do povo à lógica da acumulação capitalista.

Para que as atuais conquistas sejam mantidas e aprofundadas e para que novas sejam alcançadas é essencial que as lutas do povo negro, sem prescindir de sua especificidade, estejam combinadas às lutas gerais do povo e dos trabalhadores brasileiros. É necessário somar esforços aos movimentos em defesa de uma universidade pública gratuita e de qualidade, voltada para a resolução dos problemas nacionais e para a promoção social das classes populares, apoiar as ações contra o monopólio da propriedade da terra pelos grupos latifundiários e por uma reforma agrária ampla e radical, mobilizar-se enfim, por um poder político que seja a encarnação da vontade de negros e negras, trabalhadores das cidades e dos campos, pequenos proprietários urbanos e rurais, artistas e intelectuais avançados.


Salve o Dia da Consciência Negra!



PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO (PCB)

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Lídice da Mata exalta trajetória de Carlos Mariguella e defende criação de memorial em Salvador

Por ocasião das comemorações do centenário de nascimento do líder guerrilheiro Carlos Marighella (1911-1969), que morto pela ditadura militar, a senadora Lídice da Mata (PSB-BA) anunciou o resgate histórico da memória do combatente. Nascido em Salvador, Marighella foi membro do Partido Comunista Brasileiro (PCB), que representou na Constituinte de 1946 e do qual saiu em 1967. No ano seguinte fundou o grupo Ação Libertadora Nacional (ALN), que se engajou na luta armada, nos anos de chumbo do regime militar. - Cresce no Brasil um amplo movimento de reconhecimento histórico que atribui a Marighella papel importante para a redemocratização do país. Nessa conjuntura, foi recentemente lançada a campanha Pró-Memorial Marighella Vive, que pretende levantar recursos para construir em Salvador um memorial dedicado à difusão e à memória do seu pensamento político – discursou Lídice da Mata. A senadora anunciou a campanha pela criação do Memorial Marighella Vive, que teve início no dia 4 deste mês, com o início das comemorações no Cemitério da Quinta dos Lázaros, em Salvador. Ela informou que as comemorações prosseguirão no dia 5 de dezembro, data em que ele completaria cem anos se vivo, na qual a Comissão de Anistia, em sessão simbólica no Teatro Vila Velha, fará pedido formal de desculpas à família de Carlos Mariguella por seu assassinato. Em 1929, aos 18 anos, Marighella iniciou o curso de engenharia civil na antiga Escola Politécnica da Bahia e, em 1932, ingressou na Juventude Comunista. Naquele ano, continuou Lídice da Mata, ele participou de manifestações contra o regime autoritário implantado pela Revolução de 1930, tendo escrito e divulgado um poema ridicularizando o então interventor da Bahia, Juracy Magalhães. Em conseqüência, pela primeira vez foi preso e espancado, por determinação expressa do interventor. Em 1936, abandonou o curso de engenharia e mudou-se para São Paulo, por exigência da direção do PCB, com a tarefa de reorganizar o partido, duramente reprimido após o fracasso da Intentona Comunista de 1935. Marighella foi anistiado em 1937, mas logo novamente foi preso e torturado. Durante a ditadura de Getúlio Vargas, foi encarcerado em presídios na ilha de Fernando de Noronha e na Ilha Grande, no Rio de Janeiro. Durante a Constituinte de 1946, o líder comunista representou o estado da Bahia. - Na Câmara dos Deputados, teve uma atuação marcante, despontando como um dos mais combativos parlamentares daquela legislatura – afirmou. Nos anos seguintes ao golpe de 1964, Marighela se afasta do PCB, que era contrário à luta armada. Outros militantes abandonam o partido, relatou a senadora, e aderiram à iniciativa de Marighella, que partiu para a luta armada. - Capturar Marighella, vivo ou morto, tornou-se, então, uma questão de máxima prioridade para o regime militar, mais ainda: tornou-se uma questão de ‘honra’ – continuou a senadora, lembrando que cartazes foram espalhados por todo o Brasil, e sua perseguição envolveu toda a estrutura dos órgãos de repressão, até seu assassinato, em 4 de novembro de 1969, na Alameda Casa Branca, em São Paulo. A senadora encerrou mencionando as homenagens prestadas pelo arquiteto Oscar Niemeyer e pelo escritor Jorge Amado (1912-2001), que também foi constituinte em 1946 pelo Partido Comunista, por ocasião da chegada a Salvador, em 1979, dos restos mortais do líder guerrilheiro. Da Redação / Agência Senado

terça-feira, 15 de novembro de 2011

ISRAEL NUCLEAR REVISITADA

ISRAEL NUCLEAR REVISITADA Joseph Massad O relatório divulgado pela Agencia Internacional de Energia Atômica (AIEA) fez com que as tensões aumentassem no Oriente Médio, pois teve um nítido caráter político, além de estar afetado ideologicamente, defendendo apenas os interesses dos lobbies sionistas situados no interior dos Estados Unidos e mundo. O mundo não pode ficar a mercê de alguns dirigentes aloprados que pouco se importam com o sofrimento que causarão a terceiros seus atos insanos. Será importante realizar uma leitura atenta no artigo abaixo transcrito: “Israel Nuclear Revisitada” escrito por Joseph Massad e traduzido ao português pelo grupo Vila Vudu e confiram quais são as motivações que estão levando Israel a solicitar a efetivação de um ataque militar contra as instalações nucleares do Irã e com isso provocar um conflito bélico generalizado no mundo. Jacob David Blinder Sexta feira, 11 de novembro de 2011 ISRAEL NUCLEAR REVISITADA 10/11/2011, Joseph Massad, Al-Jazeera, Qatar Nuclear Israel revisited Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu Joseph Massad é professor associado de Política e História Intelectual Árabe Moderna na Columbia University, em New York. Quantas vezes será preciso recontar essa história? É sabida de todos nos EUA, na Europa, no mundo árabe, de fato, no mundo inteiro. Lê-se sobre isso na imprensa internacional desde o final dos anos 1960s. Os detalhes históricos do caso são também bem conhecidos. Em 1955, o presidente Dwight Eisenhower deu a Israel o primeiro pequeno reator nuclear em Nahal Sorek; em 1964, os franceses construíram para Israel o muito maior reator nuclear Dimona, no deserto de Naqab (Negev); em 1965, Israel roubou dos EUA, 90,9 kg de urânio enriquecido para fazer bombas (ação de espiões israelenses numa empresa da Pensilvania, Nuclear Materials & Equipment Corporation); em 1968, Israel sequestrou um navio liberiano em águas internacionais e roubou a carga de 200 toneladas de yellowcake que o navio transportava. Desde o início dos anos 1970s, Israel tem bombas atômicas. Apesar dos desmentidos oficiais, todo o mundo sabe que Golda Meir, quarta primeiro-ministro de Israel, esteve a um passo de lançar 13 bombas nucleares sobre Síria e Egito em 1973 e só desistiu de cometer esse ato de genocídio quando Henry Kissinger deu a Israel toda a capacidade aérea de ataque, a maior da história naquele momento, de que Israel precisava para reverter o curso da guerra de 1973 (como a revista Time noticiou o caso). Israel manteve estreita colaboração na construção de armas nucleares com o regime de apartheid da África do Sul durante décadas, colaboração que só terminou quando terminou o regime de apartheid da África do Sul, em 1994. Desde então, especialistas estimam que Israel tenha mais de 400 bombas atômicas, incluindo armas termonucleares que chegam ao nível de megatons, além de bombas de nêutrons, armas nucleares táticas e ogivas para transporte das bombas. Também tem o sistema de mísseis necessário para lançar suas bombas, com alcance de 11.500km (maior que a distância que separa Israel e Irã). Israel também tem submarinos capazes de lançar ataques nucleares e jatos capazes de entregar onde queiram a carga nuclear que Israel decida usar, contra quem decida usar, quando decida usar. Diligentemente, Israel sempre impediu que seus vizinhos sequer construíssem reatores nucleares para finalidades pacíficas. Violou a lei internacional ao bombardear o reator nuclear Osirak que os franceses estavam (em 1981) construindo para o Iraque, em ataque aéreo não provocado, apesar de o reator estar sendo construído para ser usado, conforme declaração dos governos de França e Iraque, para pesquisa científica. Israel também bombardeou o que, segundo relatórios de inteligência seria um reator nuclear que a República Popular da Coreia (Coreia do Norte) estaria construindo na Síria em 2007. O Mossad (serviço secreto israelense) várias vezes foi associado ao assassinato de inúmeros cientistas e físicos nucleares egípcios, iraquianos e iranianos, ao longo de décadas. Israel não assinou e continua a recusar-se a assinar o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares e não autoriza nenhum tipo de inspeção, pelos inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica da ONU, no seu reator Dimona. Israel, país agressivo e predatório que tem longa história de ataques contra países vizinhos desde que foi ‘fundado’, expulsou centenas de milhares de pessoas, criou milhões de refugiados palestinos, libaneses e egípcios, assassinou dezenas de milhares de civis e usou armas proibidas pela legislação internacional (de bombas de napalm a bombas de fósforo, para citar só os casos mais bem conhecidos), continua a ocupar territórios palestinos, e o povo palestino vive sob ocupação estrangeira, o que viola a lei internacional. Israel é governada por uma ideologia de estado fundamentalista, racista, antimuçulmana e antiárabe, à qual aderem seus governantes, suas instituições de governo e, também, sua cultura popular e política e muitas das leis do estado israelense. De fato, Israel não apenas vive de fazer guerra quase ininterrupta contra seus vizinhos como, também, exige que as potências ocidentais invadam os países vizinhos de Israel e, simultaneamente, patrocina campanhas de ódio racista contra árabes e muçulmanos nos EUA e em toda a Europa, além de incorporar a mesma ideologia racista nos currículos de escolas e universidades e em grande parte da produção cultural nacional israelense. Políticas racistas Os EUA, protetores de Israel, são o único estado da Terra que algum dia, deliberadamente, usou bombas atômicas contra populações civis e até hoje, 66 anos depois, ainda defende aquela decisão, que levou àquele ato genocida, e ensina a população, nas escolas e pela imprensa, a também defendê-lo. Os EUA também cuidam de evitar que o arsenal atômico de Israel jamais seja discutido no Conselho de Segurança da ONU, apesar das persistentes propostas para que a questão nuclear israelense seja julgada naquele fórum. A insistência com que os EUA cuidam de manter como “segredo” (conhecido de todos) a capacidade nuclear de Israel é construída e mantida, dentre outros motivos, para manter ativa a ajuda que os EUA continuam a dar a Israel, apesar de a condição essencial para receber esse tipo de ajuda ser que os países receptores sejam signatários do Tratado de Não Proliferação... que Israel nunca assinou e recusa-se a assinar. Mesmo assim, os EUA e Israel, que há muito tempo são as principais ameaças à paz mundial e, de fato, os mais ativos provocadores de guerras em todo o mundo desde a II Guerra Mundial, insistem em dizer ao mundo que o Irã seria ameaça à paz mundial, caso possua uma bomba atômica. O Irã é país que invadiu país algum (ao contrário, o Irã foi atacado pelo Iraque de Saddam em 1981, por decisão das ditaduras comandadas pelas ricas famílias do petróleo do Golfo e seus patrocinadores EUA e França). Deixando-se de lado, por um momento, as políticas racistas dos EUA que definem quem poderia e quem não poderia ter armas nucleares (segundo um critério racista que determina que só europeus e seus aliados europeus poderiam ter o que quer que seja), é preciso dizer que, se há corrida nuclear no Oriente Médio hoje, foi gerada e estimulada pelo espírito violento e belicista de Israel e pelo fato de que, em toda a região, só Israel mantém arsenal ativo de armas de destruição em massa. Se se tratar de o Oriente Médio ser zona livre de armas nucleares, nesse caso o esforço da comunidade internacional deve começar por desarmar Israel – o único país na região que tem bombas atômicas. E que deixem em paz o Irã – onde o mundo nem sabe se há ou não, ou se estão em desenvolvimento ou não, essas armas. O racismo do governo Obama contra árabes e muçulmanos não conhece limites. Mas, entre os povos do Oriente Médio (árabes, turcos e iranianos), os critérios racistas de Obama não persuadem ninguém. Ter ou não ter armas nucleares é questão de segurança humana, no que diga respeito a quem viva próximo de Israel. Ter armas nucleares não é privilégio racial nem dos norte-americanos nem dos europeus. É possível que os EUA não temam as bombas atômicas de Israel. Mas quem viva perto de Israel, países e populações civis que há muitos anos são alvo do terror israelense, temem Israel. Por muitos bons motivos, que todos na região conhecem. Só depois que Obama aprender essa lição, se aprender, os povos da região voltarão a ver alguma seriedade e poderão atribuir alguma credibilidade à sempre tão repetida (falsa) preocupação dos EUA com a “proliferação” nuclear. Complexo nuclear de Dimona, deserto Neguev, Israel. Segundo informes de autoridades iranianas, esse complexo será bombardeado caso Israel ataque as instalações nucleares do Irã. Image Detail Caso o Irã faça a retaliação contra Dimona, muitas cidades de Israel situadas no entorno da base nuclear serão atingidas.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

O assassinato de Alfonso Cano é uma bofetada na paz

A todos os povos irmãos, aos governos do mundo, a todos os movimentos de libertação, aos meios de comunicação nacionais e internacionais, aos que lutam dia a dia por conseguir a Justiça e a Igualdade social, à vocês a nossa opinião: Desde a raiva e a tristeza, desde os bairros e do povo, desde o coração dos que seguimos obstinados com os sonhos de liberdade e justiça. Desde aqui, com o sangue libertário da resistência de nossos antepassados, nos despedimos de ti, grande amigo, grande guerreiro latino-americano, grande exemplo a seguir, Alfonso, um “hasta siempre hermano!” É outro grande mártir semeado nas nossas almas, pelas aberrações de um inimigo que intenta nos dominar, que muitas vezes é estrangeiro, outros tantos são nacionais que claudicaram, pois suas mentes e seus corações já pertencem ao inimigo. Alfonso, é nosso dever não se submeter, aguentar, multiplicar, organizar e atuar. Cada quadro político, cada quadro revolucionário, cada militante, cada simpatizante deve fomentar teu exemplo. Jamais morrerá! E sim, sem nenhum temor nem vergonha, diremos ao mundo: Viva Alfonso Cano! Viva Marulanda! Viva as FARC-EP! Nosso compromisso não se limita à palavra de ordem, tampouco ao mural, menos ainda neste artigo. Nosso compromisso verdadeiramente está no esforço constante de aprofundar a revolução, de combater o inimigo, de lutar ao lado do povo pobre, contra a burguesia e o império. É imprescindível a formação moral e ideológica de cada camarada, de cada vizinho, de cada criança, de todos nós. De maneira profunda e constante, pois, o inimigo nos ataca com seus meios massivos de comunicação assim como com suas bombas e balas. Com Alfonso não puderam, nem com seu sedutor sistema capitalista, nem com seus alienantes cantos e modas, nem com o terror de suas armas, pois seu compromisso provém de seu espírito, de sua sólida ideologia, de sua clareza política, de sua estratégica formação militar. Por isso o inimigo recorreu a sua supressão, a seu assassinato, a sua eliminação física. E com isso intentam eliminar a dignidade de todo um povo que não se rende. Junto a Marulanda, a Raúl Reyes, a Ivan Ríos, ao negro Acacio, a Martín Caballero, a Jorge Briceño, e hoje estamos junto a Alfonso Cano, os esperançosos do mundo, sempre iremos crer que um mundo mais humano é possível e o merecemos. Somos milhões na América, milhões na África, milhões na Ásia, milhões no mundo, os que sempre atuaremos por um mundo melhor, de igualdades e justiça para todos. A semeadura em combate desigual e desproporcional, de nosso grande camarada, não nos desanima. Pelo contrário, nos impulsiona a nos fortalecer, a nos multiplicar, para seguir lutando. Vejam os cidadãos do mundo que somos na América Latina. Uma raça de guerreiros nascidos para a liberdade. Antes mortos do que vencidos. Com o Povo Pobre, tudo. Sem o Povo Pobre, nada. Junto à liderança do comandante Chávez. Alfonso Cano, mártir de América Latina. Bolívar Vive! A luta segue! Aos 200 anos de nossa independência. Desde as Terras dos Libertadores. Entre a raiva e a ternura, Coordenadora “Simón Bolívar”.

A LÍBIA QUE EU CONHECI

08 Novembro 2011 Georges Bourdoukan Estive na Líbia em setembro de 1979, por ocasião do décimo aniversario da Revolução que levou Kadafi ao poder. Me acompanharam na ocasião o cinegrafista Luis Manse e o operador de Nagra Nelson Belo. Estávamos ali pelo Globo Repórter, do qual eu era o diretor em São Paulo. Primeira surpresa. O hotel, para onde o governo nos enviou, estava totalmente ocupado por diplomatas. Perguntei ao embaixador do Brasil a razão dessa concentração. A resposta me surpreendeu ainda mais. Na Líbia de Kadafi, os aluguéis estavam proibidos. Aos líbios que não tivessem casa, era só solicitar que o governo imediatamente providenciava a construção de uma. O país era um imenso canteiro de obras. E mais: Uma lei em vigor, A LEI DO COLCHÃO, determinava que, qualquer cidadão líbio que soubesse da existência de casa alugada, era só atirar um colchão no quintal que a casa passava a ser sua. Inúmeras embaixadas sofreram com essa lei já que foram ocupadas por líbios. O próprio embaixador me contou na ocasião que a embaixada brasileira não ficou imune a essa lei. Um motorista líbio que ali trabalhava informou a um amigo que ainda não tinha casa, que a embaixada do Brasil era alugada. Imediatamente esse amigo atirou um colchão e reivindicou a propriedade (uma mansão que pertencia a um italiano que retornou à Itália apos a subida ao poder de Kadafi). O governo líbio precisou intervir para evitar maiores dissabores. O Brasil acabou ganhando a embaixada e o líbio uma casa nova. Isto tudo aconteceu na década de 70, quando a Líbia era uma potência riquíssima, com apenas 3 milhões de habitantes, em quase 1.800.000 quilômetros quadrados. Os líbios, por lei, eram proibidos de trabalhar como empregados de estrangeiros. O líbio que não quisesse trabalhar recebia o equivalente, valores de hoje, a cerca de 7 mil dólares por mês. E mais: médico, hospital e remédios era tudo de graça. Ninguém pagava escola e o líbio que quisesse aperfeiçoar seus estudos fora do país ganhava uma substancial bolsa. Conheci muitos desses líbios na França, Itália, Espanha e Alemanha, e outros países onde estive como jornalista. Estamos em Trípoli, ano 1979. Esta noite quase não consegui pegar no sono. No hotel onde estava hospedado, alem dos diplomatas e alguns jornalistas, estavam também delegações de países africanos de língua portuguesa. Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Cabo Verde. E foram eles que não me deixaram pegar no sono já que, sabendo que eu teria um encontro com Kadafi no dia seguinte, queriam que eu lhe pedisse mais explicações sobre o socialismo Líbio. Disseram que nunca haviam visto algo igual. Nem mesmo em livros. Ficaram admirados com a Lei do Colchão, com a assistência médica, remédios e educação, tudo gratuito. E pelo fato de ninguém ser obrigado a trabalhar na Líbia e mesmo assim receber uma remuneração “fantástica” no dizer de um angolano. Prometi que tentaria obter uma resposta, desde que, de fato, eu conseguisse falar com Kadafi, por saber que ele era imprevisível e não poucas vezes deixou jornalistas aguardando ad infinitum. Antes, preciso esclarecer que as portas dos apartamentos dos hotéis não possuíam fechaduras. Por isso todos podiam entrar no apartamento de todos razão pela qual nossos apartamentos eram sempre “visitados”. Perguntei ao gerente do hotel a razão da falta de fechaduras. Respondeu que na Líbia não havia ladrões como na “época da colonização italiana e por isso as fechaduras eram prescindíveis”. Mas um diplomata me esclareceu que a falta de fechaduras era para que os “fiscais” do governo pudessem entrar a qualquer hora do dia ou da noite para ver se não havia mulheres “convidadas” nos apartamentos. “Porque, prosseguiu o diplomata, os líbios até hoje falam que durante a colonização italiana e o reinado de Idris, os hotéis serviam apenas para orgias”. No dia seguinte me preparo para o encontro com Kadafi. Manse, com a sua câmera e Belo com seu gravador Nagra me aguardavam ao lado do elevador. Com cara de sono, reclamaram que seus apartamentos foram “penetrados” umas três vezes de madrugada e foi um susto só. O carro enviado pelo governo nos esperava na entrada, mas Manse queria tomar mais um cafezinho. Entrei no carro e aguardei. Cinco minutos depois Luis Manse, com sua inseparável câmera, chegava sozinho. Perguntei pelo Belo, ele disse que o imaginava comigo. Perguntei ao nosso acompanhante se ele havia visto o nosso companheiro. Imediatamente ele foi à portaria perguntar. Um rapaz simpático respondeu que tinha visto Belo acompanhado por dois policiais uniformizados a caminho da praça que ficava a uns cinqüenta metros do hotel. Fiquei preocupado, imaginando o pior. Jornalista acompanhado por policiais no Brasil nunca era um bom augúrio. Belo e os dois policiais estão parados ao lado de um reluzente carro Mercedes Benz novinho em folha. Perguntei o que estava acontecendo. Um dos policiais me disse que o meu companheiro não parava de apontar a chave do carro na ignição. E que eles não sabiam a razão, pois Belo não falava o árabe e nem eles o “brasileiro”. Então era por isso que eles saíram juntos do hotel. Nada preocupante. Belo me explicou e eu traduzi para o policial que ele, ao ver a chave na ignição, ficou preocupado de alguém roubar o carro. Os dois policiais começaram a rir e disseram tratar-se de um carro abandonado. Era um costume no país. Quem não gostasse do carro bastava abandoná-lo com a chave dentro. O interessado podia levá-lo. Essa era a Líbia da época. Muita fartura, nenhuma miséria e a abundância ao alcance de todos. Aliás isso podia se observar nas pessoas. Os mais velhos, que viveram sob o domínio dos colonialistas e durante a monarquia, eram pessoas alquebradas, corpo seco. As crianças e os jovens eram saudáveis e alegres. Só para se ter uma idéia da Líbia sob Kadafi, tudo custava mais ou menos o equivalente a 3 dólares. Havia supermercados gigantescos, mas nada era vendido a varejo. Quem quisesse arroz, por exemplo, pagava 3 dólares pelo saco de 50 quilos. Tudo era nessa base. Fomos visitar o parque industrial de Trípoli e eu pedi para conhecer uma tecelagem. Perguntei como era a relação com os clientes e um técnico alemão que ali se encontrava para montar o maquinário, começou a rir. “Os líbios são loucos”, me disse. E completou: “eles não vendem nada aqui por metro, somente a peça inteira. E para qualquer um que entrar na fábrica e pedir”. Perguntei o preço da peça: 3 dólares a peça de 50 metros. Mas se você, por exemplo, quisesse comprar uma gravata, qualquer uma, o preço mínimo era o equivalente a 200 dólares. Um cachimbo, 300 dólares. Ou seja, todo produto que lembrasse os colonizadores e, de acordo com eles, representasse ou sugerisse consumo supérfluo, era altamente taxado. Bebida alcoólica, nem pensar. Dava prisão sumária. E foi o que aconteceu com dois jornalistas argentinos, cuja “esperteza” os remeteu ao porto e ali compraram de um cargueiro uma garrafa de uísque. Um dos funcionários do hotel sentiu o bafo e os denunciou. É verdade que eles não foram presos, porque eram convidados do governo. Mas não puderam entrevistar ninguém, muito menos Kadafi. E nós só soubemos disso porque o embaixador do Brasil, uma figura simpaticíssima, uma noite nos convidou para a Embaixada e, ali, nos ofereceu um uísque de não sei quantos anos (guardado a sete chaves num cofre), que Manse e Belo acharam delicioso. Claro que eu também bebi um gole, apesar de detestar uísque. Seja de que marca for, de que ano for. Sempre me lembrou o gosto de iodo. Evidentemente não faria uma desfeita ao embaixador tão solícito. Não estalei a língua porque aí seria demais. Antes de nos despedirmos, o embaixador nos ofereceu um litro de leite para cada um, pois segundo ele o leite disfarçaria o nosso hálito. Na porta, perguntei ao embaixador se ele poderia nos dar um depoimento. “O Kadafi é um Gênio”, respondeu. Surpreso, perguntei. O senhor considera o Kadafi um Gênio? Sim! Um Gênio! Então o senhor considera Kadafi um Gênio? Sim! Respondeu o embaixador. Um Gênio! E amanhã o senhor vai ter uma prova disso. Não entendi. Amanhã vai haver um desfile em comemoração ao décimo aniversário da Revolução. Assista e veja se não tenho razão. O dia seguinte amanheceu glorioso. E eu já estava preocupado. Se o país vai parar para comemorar o décimo aniversário da Revolução, será que Kadafi vai encontrar tempo para a entrevista? A população lotava a praça e as ruas onde seriam realizados os desfiles. Um fato me chamou a atenção. Havia milhares de meninas adolescentes com uniformes militares prontas para o desfile. Sorriam um sorriso que somente as adolescentes possuem. Impressionante a sua alegria. Foi assim que Kadafi libertou as mulheres, que antes não podiam atravessar a porta de casa e nem tirar as vestimentas que cobriam seu corpo de cima abaixo, me confidenciou o embaixador. É ou não um gênio? Essas adolescentes saem de casa bem cedinho usando o uniforme militar e retornam para suas casas no fim do dia. Elas só não dormem no quartel. E têm autorização para não tirar o uniforme. Depois do serviço militar elas jamais voltam a se vestir como anteriormente. Então é por isso que as mulheres líbias se vestem como as ocidentais? Mas vez ou outra deparamos com mulheres com roupas tradicionais. Terminado o desfile, um membro do governo me diz que Kadafi nos receberia não mais em Trípoli, mas em Benghazi, a bela cidade mediterrânea. E que nos buscariam de madrugada pra viajarmos os 600 quilômetros que separam as duas cidades. Fico sabendo nesse dia que a energia elétrica que ilumina o país é de graça. Ninguém recebe a conta de luz, seja em casa ou no comércio. E quem tiver aptidão para empresário, pode buscar os recursos necessários no banco estatal e não paga nenhum centavo de juros. A divisão da riqueza do país com sua população, em nome do islamismo, criou um sério problema para os demais países muçulmanos, principalmente Arábia Saudita. E desde então, Kadafi nunca poupou os dirigentes sauditas que acusou de terem se apossado de um país que jamais lhes pertenceu e de serem “infiéis que conspurcavam o verdadeiro islamismo”. “Trocaram o Profeta pelo petróleo”. Pela primeira vez usava-se o Alcorão contra aqueles que se diziam seus defensores. Os sauditas, acuados, só conseguiam dizer que ele era “comunista”. Kadafi respondia que ele apenas seguia o Alcorão ao pé da letra. Várias revoltas começaram a eclodir na Arábia Saudita e países do Golfo. Os Estados Unidos e mídia associada começaram a arregaçar as mangas. Era preciso defender a vassala Arábia Saudita e transformar Kadafi num pária. Na volta ao hotel, dou de cara com revolucionários da África do Sul. Estavam na Líbia em busca de fundos para lutar contra o apartheid. Vamos falar francamente. Eu estava me esforçando para realizar um programa que dificilmente seria exibido. Naquela época o Globo Repórter registrava uma audiência enorme, entre 50 e 65 pontos, com pico de 72. Alem do mais, vivíamos sob o tacão da ditadura. Mas já que estávamos lá, vamos tocar o barco e ver no que vai dar. À noite, no hotel, alguém abre a porta e me pergunta se posso conversar um pouco. Era o chefe da delegação de Guiné-Bissau e estava empolgado. Nunca imaginara conhecer um país como a Líbia. Perguntou como foi o meu encontro com Kadafi. Respondi que o encontro seria no dia seguinte em Benghazi. Enquanto conversávamos, um “fiscal” do governo, entra no quarto e nos cumprimenta sorridente. Dá uma olhada rápida e com aquele sorriso de comissária de bordo, nos agradece e vai embora. Mal passaram 10 minutos e a porta novamente é aberta. Um jornalista do Rio de Janeiro, meu vizinho de quarto entra desesperado. - Uma coca cola pelo amor de Deus. Meu reino por uma Coca-Cola. Vou descer até saguão, alguém precisa me informar onde consigo comprar Coca Cola nesse país de birutas. E nem esperou o elevador. Desceu pela escada mesmo. - Maluco esse seu vizinho, me confidenciou o africano. Além do mais ainda ofendeu Shakespeare. Em seguida ele me revela que conheceu muitos revolucionários de países diferentes que se encontravam na Líbia em busca de recursos. Inclusive sul-africanos. - Entregaram uma carta de Nelson Mandela para o Kadafi pedindo para ele não esquecer seus irmãos africanos, respondeu feliz, dando a entender que eles foram atendidos. Novamente o “fiscal” com sorriso de comissária de bordo entra. Desta vez para nos convidar a assistir no salão do hotel a um filme sobre os “horrores” da herança colonialista. Na verdade não era um filme, mas um documentário de 15 minutos e se a idéia era para que a platéia se indignasse, o efeito foi o contrário. O documentário mostrava a noite em Trípoli. Garotas seminuas andando nas ruas em busca de clientes, “inferninhos”, cabarés, bebidas alcoólicas, muitas bebidas, e por aí vai. E o pior, terminada a exibição vários aplausos da platéia, principalmente de jornalistas, pedindo a volta dos colonizadores. Isso sim é que era época boa, exclamou o jornalista carioca, agora ao lado de um colega mineiro que completou: “eta paizinho que nem Coca-Cola tem”. Quatro da manhã somos acordados. Do aeroporto de Trípoli seguimos para Benghazi, onde finalmente vamos entrevistar Kadafi. Quando desembarcamos em Benghazi, a belíssima Benghazi, tamareiras enfeitavam suas praias. Estavam ali como os coqueiros nas praias do nordeste. Era colher e comer tâmaras dulcíssimas. Um jornalista suíço que chegara a Benghazi uma semana antes, me confidenciou que não deveria perder um casamento. Qualquer um, disse. Estava realmente deslumbrado com a festa e o que o deixou mais impressionado, é que os noivos, depois da cerimônia, recebem um envelope do governo com o equivalente a 50 mil dólares de presente. Bem, essa era a Líbia que pouca gente conhecia e a mídia ocidental não fazia nenhuma questão de mostrá-la. E não poderia, pois como explicar a seus leitores que havia ascendido ao poder um jovem coronel que não utilizou a riqueza em benefício próprio? Pelo contrário. Havia dividido a riqueza com a população do país. Que não queria ver ninguém sem teto, sem fome, sem educação e sem muitas outras coisas mais. Eu, naturalmente, iria sem dúvida nortear a minha entrevista a partir desses pontos. Mas antes da entrevista, fomos a três festas com músicos árabes de diversos países. E haja doce. E haja suco. E nem um “uisquinho”, lamentavam alguns jornalistas que, sinceramente, acho que estavam no país sem saber porque e para que. As festas corriam em tendas beduínas, algo que Kadafi sempre prezou. Finalmente cara a cara com Kadafi. Em sua tenda. Aparentava cansaço. Alguns dos assuntos discutidos: 1-Socialismo líbio; 2-Educação; 3-Reforma agrária; 4-Moradia; 5-Alinhamento; 6-Arabismo; 7-Socialismo chinês, soviético, cubano; 8-Apoio aos movimentos revolucionários; 9-Che Guevara; 10-Estados Unidos; 11-Brasil; 12-liberação feminina 13-Reencarnação de Omar Moukhtar. A entrevista, que seria de 40 minutos, durou mais de duas horas e creio que passaríamos a noite conversando se ele não fosse a toda hora solicitado. Naturalmente a Globo achou melhor não colocar o programa no ar, pois poderia melindrar a ditadura. Foi feita uma proposta para que um programa de 15 minutos fosse ao ar no Fantástico. Foi realizada a reedição, mas o programa teria sido proibido pelos censores oficiais da ditadura (civil-militar-midiática). Tudo culpa da ditadura. Será? Oh, céus! Oh, terra! Quando nos livraremos desse sistema putrefato? Qual foi o grande erro de Kadafi? Eu não tenho a menor dúvida. Foi acreditar nos euro-estadunidenses e desistir de sua bomba atômica. Os pacifistas que me perdoem. Aqui não se trata de incentivar a produção de ogivas nucleares, mas de persuasão. O Brasil que tome jeito e comece a produzir a sua. Caso contrário, a própria mídia brasileira, associada ao Império, fará de tudo para que o país seja invadido e ocupado. Kadafi não ficou rico, como os produtores de petróleo do Golfo. Dividiu a riqueza do país com a população. Apoiou todos os movimentos revolucionários de esquerda do mundo. Inclusive os brasileiros. Em nenhum momento esqueceu a população negra da África. E da África do Sul, onde, em agradecimento, um neto de Nelson Mandela chama-se Kadafi. Quando Nelson Mandela tornou-se o primeiro presidente da África do Sul em 1994, o então presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, fez de tudo para que Mandela parasse com os agradecimentos quase diários a Kadafi pelo seu apoio à luta dos revolucionários africanos. "Os que se irritam com nossa amizade com o presidente Kadafi podem pular na piscina", respondeu Mandela. O presidente de Uganda Yoweri Museveni afirmou que "quaisquer que sejam as falhas de Kadafi, ele é um verdadeiro nacionalista. Prefiro nacionalistas do que marionetes de interesses estrangeiros". E disse mais: " Kadafi deu contribuições importantes para a Líbia, para a África e para o Terceiro Mundo. Devemos lembrar ainda que, como parte desta forma independente de pensar, ele expulsou bases militares britânicas e americanas da Líbia após tomar o poder". Alem disso, o ex-líder líbio também teve papel importante na formação da União Africana (UA). A principal coordenadora da guerra contra a Líbia, Hillary Clinton, andou pela África pregando abertamente o assassinato de Muammar Kadafi. Como não teve sucesso, começou a recrutar mercenários. Aliás foram esses mercenários, inclusive os esquadrões da morte colombianos, que lutaram na Líbia. E eles não foram dizimados graças à Organização Terrorista do Atlântico Norte (OTAN) e EUA. Quem puder pesquisar, quando Kadafi nacionalizou as empresas petrolíferas e os bancos, a mídia Ocidental referia-se a ele como Che Guevara Árabe. Antes de ser deposto e linchado pelos mercenários a mando dos terroristas OTAN e EUA, a Líbia possuía o maior índice de desenvolvimento humano da África, e até hoje maior que o do Brasil. E o que pouca gente sabe, em 2007 inaugurou o maior sistema de irrigação do mundo. Transformou o deserto (95% da Líbia) em fazendas produtoras de alimentos. Aliás, assim que subiu ao poder, os líbios que quiseram produzir alimentos receberam terra, equipamentos, sementes e 50 mil dólares para sobreviver até a safra. Foi uma Reforma Agrária total e irrestrita. Ele também pressionou pela criação dos Estados Unidos da África (EUA) para rivalizar com os EUA e União Européia. Ele lutou por uma África una: “Queremos militares africanos para defender a África. Queremos uma moeda única. Queremos um só passaporte africano". Lamentavelmente esqueceu a Bomba Atômica. E pagou por isso. As nações que querem se emancipar que pensem nisso. * Georges Bourdoukan é jornalista e escritor Credito sito do Partido comunista Brasuleiro

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