Radio Poder Popular

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

HONDURAS: "SE NECESSÁRIO, O POVO DEFENDERÁ NAS RUAS A SUA VITÓRIA NAS URNAS"

29 NOVEMBRO 2013 CLASSIFICADO EM AMÉRICA LATINA - HONDURAS Leonardo Wexell Severo, de Honduras Deposto por um golpe militar patrocinado pelos EUA em 2009, Zelaya enfatizou que "as urnas falaram em defesa de uma mudança profunda". “Exigimos que se respeite a decisão do povo de que Xiomara Castro seja a sua presidenta. Não importa o que façam, porque esse processo se iniciou e ninguém vai pará-lo”, afirmou o coordenador do Partido Livre (Liberdade e Refundação), Manuel Zelaya. Junto a centenas de militantes, o ex-presidente destacou durante coletiva de imprensa nesta segunda-feira (25), em Tegucigalpa, que, “se necessário, o povo defenderá nas ruas a sua vitória nas urnas”. Deposto por um golpe militar patrocinado pelos EUA em 2009, Zelaya enfatizou que “as urnas falaram em defesa de uma mudança profunda” e denunciou que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) age em função dos interesses da oligarquia vende-pátria, representada pelo candidato Juan Orlando Hernández, do Partido (Anti) Nacional. “O Tribunal não está contabilizando 1.900 atas, cerca de 400 mil votos, de zonas em que o Partido Livre ganhou amplamente. Estamos prontos para comparar as atas que temos com as que chegaram do TSE. Que eles demonstrem o contrário, que perdemos. Nunca poderiam fazê-lo”, acrescentou Zelaya, aplaudido de pé. Segundo Zelaya, a disposição do Partido Livre não é a de “conclamar a sublevação, mas de garantir direitos, que não se negociam”. “Por que o Tribunal desconsidera 20% das urnas em seu resultado? Basta ter um mínimo de inteligência para explicar”, condenou o ex-presidente, com a militância respondendo em coro: “Vamos às ruas!”. A presidenta eleita, Xiomara Castro, dedicou a vitória aos “homens e mulheres que entregaram sua vida por esta causa, aos jovens que doaram seu sangue pela liberdade da pátria e de todo o povo hondurenho”. “Os dados que recebemos de todo o país com a contagem das atas eleitorais confirmam que sou a presidenta da Honduras. Não vou decepcionar, cumpriremos da primeira a última palavra empenhada”, agradeceu. Rechaço à fraude O candidato do Partido Anti-Corrupção (PAC), Salvador Nasralla, também rechaçou a fraude: “Os resultados estão dramaticamente violentados e não correspondem à realidade”. Nasralla, um apresentador de televisão, asseverou que o partido governista utilizou dois call centers para produzir e escanear atas falsas. Elas seriam enviadas ao centro de apuração, adulterando os resultados. “Tenho todas as provas e já apresentei uma denúncia à fiscalização. Além disso, o partido do governo comprou muitos dos representantes de mesa do meu partido, para que se retirassem do centro de votação e não defendessem nossos votos”, disse. Reforçando essa denúncia, a TV Globo de Honduras divulgou entrevistas com inúmeros fiscais que comercializaram suas credenciais partidárias para o Partido Nacional. A reflexão é elementar: pela legislação eleitoral, as mais de 16 mil urnas necessitariam de pelo menos 32 mil pessoas de cada partido, entre fiscais e suplentes. Tais agremiações deveriam ter, portanto, pelo menos esses dois votos. Abertas as urnas, os partidos que atuaram como legenda de aluguel, todos juntos, não somaram sequer 1% dos votos. Formados para isolar o Partido Livre, seus “representantes” atuaram para controlar as mesas eleitorais e armar a fraude. "Graves evidência de fraude" Foi o que viu a delegação de observadores da Confederação Sindical Internacional (CSI), que apontou a existência de “graves evidências de uma fraude eleitoral”. “Durante todo o dia, recebemos denúncias de diversas formas de manipulação e compra de votos, ameaças e outros atos de violência contra os fiscais e os eleitores do Livre”, informou a CSI, ressaltando que “alguns deles foram testemunhados pelos representantes da missão, assim como pelas várias organizações internacionais aqui vindas para observar as eleições”. Também nesta segunda-feira à tarde, no Comitê de Familiares de Detidos e Desaparecidos de Honduras (Cofadeh), a canadense Laura Carter, dirigente da Industrial Global Union, apontou a existência de “uma série de irregularidades, que podem ter impacto determinante nos números divulgados pelo TSE". Laura informou que na zona de São Miguel, na região metropolitana de Tegucigalpa, que conta com 50 mil votantes, força expressiva de Xiomara, nada menos do que 400 eleitores apareceram como "mortos" – sendo retirados da lista, sem poder votar – e outros mil simplesmente "desapareceram do registro". Marcelina Samaniego, representante da Internacional dos Trabalhadores da Construção e da Madeira (ICM), denunciou “a sonegação de informações e o não envio das planilhas de votação”. Como na região de San Pedro Sula, onde Xiomara liderava, esclareceu Marcelina, o jovem que manejava o computador e centralizava o processo lhe disse ter "orientações claras" para atrasar o envio de urnas desfavoráveis. "Nós não podíamos ter acesso e a Força Pública e a Militar estavam ali para respaldar o que eles dissessem", acrescentou. Denis Roberto Aguilar Gomez, fiscal do Partido Livre na Escola Tomas Alvarez, na mesa 9357, no bairro Nova Esperança, na região metropolitana de Tegucigalpa, foi agredido por 20 fascistas do Partido Nacional. Quando foi denunciar aos policiais militares, acabou sendo detido ilegalmente e agredido, por ser de oposição. "Me torturaram dentro da escola", relatou, mostrando as marcas da agressão. Perseguição e intimidação Às vésperas das eleições de domingo (24), o governo hondurenho utilizou policiais militares e da migração para perseguir e intimidar observadores internacionais, identificados como simpatizantes de Xiomara. Personalidades como Rigoberta Menchú, prêmio Nobel da Paz, foram impedidas até de entrar no país. Ao mesmo tempo, os golpistas convidaram 23 organizações de extrema direita para acompanhar o pleito. Na cidade de El Progreso, próxima a San Pedro Sula, um dos principais polos da resistência ao golpe contra Zelaya, cinco soldados da Migração, fortemente armados, entraram no centro de capacitação da Igreja em busca de “salvadorenhos”. Terceira principal cidade do país, El Progreso é o berço de Roberto Micheletti, ditador alçado ao poder em 2009. Na capital, Tegucigalpa, prefeitos e parlamentares da Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN), que governa El Salvador, também foram abordados e constrangidos por policiais a poucos metros do Honduras Maya, hotel em que estamos hospedados. Nesta segunda, soldados fortemente armados voltaram a cercar o hotel, tentando impedir um protesto pacífico contra a fraude eleitoral, condenada em coro como um novo golpe. “Mídia vendida, conta-nos bem, não somos um, não somos cem”, alertaram os manifestantes, repudiando a manipulação dos grandes conglomerados de comunicação em favor dos golpistas. http://anncol-brasil.blogspot.com.br/2013/11/manuel-zelaya-se-necessario-o-povo.html

Honduras: uma eleição roubada

27 NOVEMBRO 2013 CLASSIFICADO EM AMÉRICA LATINA - HONDURAS "A embaixada” disse quem ganhou Atilio A. Boron Nas últimas horas de ontem, o Tribunal Superior Eleitoral de Honduras consagrava como vencedor o candidato do continuísmo golpista, Juan Orlando Hernández. Desde o inicio, o processo eleitoral esteve marcado por vícios irremediáveis que jogaram um pesado manto de suspeita sobre seu desenlace. A desavergonhada intervenção “da embaixada” nos assuntos internos de Honduras por si só seria uma razão suficiente para suspender as eleições, redesenhar as instituições políticas –entre elas o próprio TSE, controlado por aqueles que avalizaram o golpe de 2009– e fazer uma nova convocação eleitoral assim que reunisse condições mínimas requeridas para uma eleição, não apenas durante a campanha (por si só um problema em Honduras, dado o recorde de jornalistas e militantes opositores assassinados) mas também durante a apuração final dos votos. Semanas antes das eleições, agentes governamentais haviam declarado que o TSE confrontaria seus números com os apresentados pela embaixada dos Estados Unidos antes de dar a conhecer os resultados definitivos! Em resumo: o vencedor seria proclamado pela “embaixada”, e o governo do continuísmo golpista de Porfirio Lobo por fim veria Honduras convertida em um protetorado estadunidense. Esta absurda confissão diz muito da história desse sofrido país, ocupado por Washington e transformado nos anos oitenta em uma gigantesca retaguarda para servir de apoio logístico às agressões perpetradas contra a revolução sandinista por parte dos “contras” nicaraguenses. Arquiteto deste projeto contrarrevolucionário temos John Negroponte, uma das figuras mais sinistras das Américas, e designado por Ronald Reagan como embaixador em Honduras, função na qual contou com a colaboração de outro reconhecido terrorista internacional, Otto Reich. Sob sua gestão, o exército hondurenho foi reorganizado de cabo a rabo, dotado de armamentos sofisticados, treinamento e tecnologia militar de última geração. Transformaram a base militar Soto Cano, em Palmerola, em uma das mais estratégicas das bases que os Estados Unidos possuem ma América Central e no Caribe. Quando o presidente Mel Zelaya democratizou o sistema político e ingressou na ALBA, foi violentamente destituído mediante um “golpe institucional”, durante a “administração Obama”. Um dos analistas presentes em Honduras, Katu Arkonada, confirma a existência de múltiplas “irregularidades”, para não dizer atentados contra a vontade popular. Há pelo menos 20 por cento das atas de votação nas zonas eleitorais, em regiões onde o partido Libre conta com grande respaldo popular, que foram arbitrariamente submetidas a auditoria e não foram computadas; em comunidades apartadas se observou o “voto de cabresto” e a compra de títulos eleitorais; existem milhares de mesas onde os partidos minoritários obtiveram zero votos, ou seja, querem fazer crer que nem os seus candidatos haveriam votado em si mesmos. Só resta especular quantos votos de Xiomara Castro foram retirados das urnas. Libre ganhou nas ruas, mas não organizou uma rede de fiscais para garantir a lisura do processo. Confiou, em sua ampla maioria, na inverossímil “imparcialidade” do TSE e do governo diante de uma eleição que o imperialismo e a oligarquia hondurenha não podiam perder, porque Washington jamais aceitaria um resultado contrário aos seus interesses na região. O primeiro passo da estratégia norte-americana para impedir um revés político foi a campanha de difamações contra Xiomara e seu partido. O segundo, a organização fraudulenta da apuração e contagem dos votos. Terceiro, se os dois anteriores não bastassem: fraude em todo o processo eleitoral e manipulação do Congresso para impedir a vitória do partido Libre, pois, se no caso de uma vitória da oposição, provocariam sua destituição “legal” assim como fizeram com seu esposo, Manuel Zelaya. Até agora a direita se apegou à fraude, dando a conhecer cifras que não correspondem à realidade, e que os meios hegemônicos de comunicação atestam como verdadeiras. O partido Libre terá que recuperar nas ruas o que lhe roubaram nas urnas. Como teria reagido a suposta imprensa livre e independente do continente se os vícios, fraudes e crimes perpetrados em Honduras tivessem acontecido na Bolívia, Equador ou na Venezuela? A gritaria dos defensores do imperialismo e de seus aliados teria sido ensurdecedora. No entanto, agora mesmo nesses meios de comunicação impera um silêncio cúmplice porque em Honduras vale tudo. Por quê? Porque, assim como Israel, é a peça chave para garantir o equilíbrio geopolítico do Império no Oriente Médio, Honduras o é para a América Central, porque nesse país é onde se concentra o grosso do poder de fogo estadunidense na região. E assim como Washington não permaneceria nem um minuto de braços cruzados perante um eventual triunfo de uma easquerda anti-imperialista em Israel, se envolveu descaradamente no processo político interno de Honduras para garantir um resultado de acordo com seus interesses estratégicos na região. Menos mal que há alguns dias, na OEA, John Kerry disse que está superada a Doutrina Monroe! * Diretor do PLED, Centro Cultural da Cooperação Floreal Gorini. Fonte: http://www.atilioboron.com.ar/2013/11/honduras-una-eleccion-robada.html

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