Radio Poder Popular

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

As classes dominantes querem tirar o povo da rua!

Pela Comissão Política Regional 12 de fevereiro de 2014 O PCB lamenta profundamente a morte de mais um trabalhador brasileiro, desta vez a do jornalista Santiago Andrade. Essa morte engrossa a estatística de milhares de trabalhadores, vítimas da barbárie capitalista que assalta nosso país. As circunstâncias em que ocorreram a morte do cinegrafista Santiago Andrade estão sendo exploradas da forma mais cínica pela mídia dominante, mídia esta que faz questão de esquecer as mortes de alguns outros trabalhadores como Cícero Guedes, líder do MST, em Campos, ou mesmo de seres humanos marginalizados desta sociedade como o pedreiro Amarildo, ou aqueles que são vítimas da violência da polícia de Beltrame, no Juramento, na Vila Cruzeiro, na Pedreira. Sentimos um enorme pesar pelo falecimento do cinegrafista, porém são muitas as mãos que estão sujas de sangue neste momento. A responsabilidade não é apenas de quem acendeu o pavio, seja quem for. A chama que acendeu o pavio, na verdade, já estava por aí há muito tempo. O aumento das passagens, inviabilizando o deslocamento da maioria da população pela cidade e o seu entorno; a carestia dos alimentos; as obras superfaturadas, financiadas pelo dinheiro público, que nos passam diariamente pela cara; a precária e assustadora situação da saúde pública que, privatizada, transformou-se em mercadoria; as constantes chacinas perpetradas pela polícia (na última delas, no Morro do Juramento, no dia 05/02/2014, seis pessoas foram executadas por policiais); as remoções de dezenas de comunidades para dar espaço para a Copa do Mundo e Olimpíadas; e tantos outros exemplos de injustiças e abusos que simplesmente não cabem no pequeno espaço dessa nota, alimentaram essa chama e a transformaram numa imensa labareda. O acúmulo, portanto, de toda essa situação de exploração e esgotamento da classe trabalhadora, do povo brasileiro, levou milhões de pessoas às ruas para protestar. Os protestos e todas as entidades, movimentos, partidos e grupos que ganharam as ruas não são a causa da violência. Eles são a consequência e a resposta a uma violência ainda maior: a fome, a miséria, o desemprego e o descaso com que são vistos e tratados aqueles que pertencem à classe trabalhadora. E é isso que a mídia, com seu poder de persuasão, tenta esconder da população, buscando de forma ardilosa jogar a maior parte das pessoas contra os manifestantes. E eles não têm limites para isso! Estão usando a morte do cinegrafista como um grande álibi para desmobilizar as manifestações e criminalizar aqueles que estão nas ruas. Isentam, por exemplo, de qualquer responsabilidade, a emissora de TV Bandeirantes diante do ocorrido. Como pode um profissional ser enviado para uma zona de conflitos sem que lhe seja fornecido qualquer equipamento básico de segurança? Se o cinegrafista estivesse com um mero capacete, por exemplo, isso teria salvado sua vida. Mas, mais uma vez, como estamos falando da vida de um trabalhador, isso não tem a menor importância para essa elite dominante. O que importa para eles é que acabaram por ganhar uma “excelente” oportunidade de deslegitimar e criminalizar as manifestações. Cabe lembrar que foram muitos os casos de jornalistas feridos nas manifestações, a grande maioria pela polícia e suas bombas e balas de borracha, quando deveriam estar devidamente protegidos pelas suas emissoras. Com repressão, coerção e muita truculência, os governantes têm utilizado o aparato do Estado para barrar os interesses da população e defender os interesses dos setores privados. Essa é a resposta que esse regime, chamado de democrático, tem nos oferecido. Para garantir a manutenção dos privilégios de poucos, a maioria das pessoas são coagidas a abrir mão de suas vidas e dos seus sonhos. São levadas, portanto, a levar uma vida insuficiente e desgraçada para satisfazer a ganância de uma minoria. E não tenham dúvida. A grande mídia tem um papel central nessa tarefa de transformar esses interesses particulares em interesses universais. Neste momento, o movimento social consequente se vê sob ataque de uma imprensa dominada no país por cinco ou seis famílias. A pretexto de lamentar a morte do cinegrafista monta-se uma farsa tipicamente de regimes totalitários, numa tentativa de criminalizar quem denuncia as mazelas e os podres poderes da sociedade brasileira. Portanto, não há mais espaço para respostas individuais e voluntaristas dos que resistem. O nível de conscientização dos manifestantes cresce em função da sofisticação dos ataques vindos dos poderosos, e com ele cresce também a necessidade de maior organização e unidade para que erros não se repitam. Ao contrário do que nos querem fazer crer, quanto mais desorganizadas e espontaneístas forem as manifestações, mais sujeitas a infiltrações e ataques elas serão. Por isso, esse circo montado e patrocinado pela grande mídia, em suas coberturas das manifestações, está longe de ser o legítimo direito de informar. O que eles desejam é a desinformação e a inversão dos fatos para esconder suas verdadeiras intenções e responsabilidades em todas essas tragédias. O que eles desejam e tentam conseguir a qualquer custo é amordaçar o povo e imobilizá-lo para a luta. Não por outro motivo, querem acabar com os protestos e tirar a população das ruas! Não conseguirão! Como dizia Che Guevara: "Os poderosos podem matar uma, duas, três flores, mas jamais conseguirão deter a primavera". Se a Copa é comprovadamente dos ricos, as ruas jamais deixarão de ser nossas!

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Lembrança de David Capistrano da Costa

Lembrança de David Capistrano da Costa Gilvan Cavalcanti Melo - Abril 2008 Na manhã de 4 de abril, o ministro da Justiça, Tarso Genro, esteve no Rio de Janeiro para a abertura da primeira incursão da chamada “Caravana da Anistia”, criada para julgar casos de anistiados em outras cidades. Ao ver faixas com frases como “A anistia é uma farsa” — levantadas no auditório por representantes de categorias que ainda aguardam o julgamento de seus casos —, o ministro admitiu que a reclamação é justa. Disse ele: “A anistia está atrasada no Brasil”. Acentuou, no entanto, que o governo tenta acelerar os trabalhos. E concluiu: “O processo é lento, mas não está quase parando. Eu diria que está quase andando”. O presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão, respondendo aos críticos da anistia, admitiu que foram concedidas indenizações exorbitantes. Mas, segundo ele, são fatos isolados em 35 mil processos, uma vez que a maioria das pensões foi estipulada na faixa de R$ 3,7 mil. Cerca de 25 mil casos ainda tramitam. Na oportunidade, o ministro também entregou a Maria Augusta de Oliveira, viúva do jornalista e dirigente do PCB David Capistrano da Costa, o título de anistia. Perto de completar 90 anos, ela terá direito a uma pensão de R$ 3,4 mil, com um montante retroativo a 2001 de R$ 883 mil. O jornalista Vladimir Herzog, outro militante do PCB morto sob a ditadura, também foi homenageado. Eu estava lá. Reencontrei muitos amigos e conhecidos ex-companheiros do PCB. Amigos e companheiros, na diferença. Foi emotivo rever, depois de longo tempo, Maria Augusta, companheira de cela, na Casa de Detenção do Recife, de minha mulher, Graziela. Abraçá-la e beijar suas filhas Carol e Cristina. O tempo voltou para o velho Recife do bairro de Campo Grande, onde morava David e a família. Local que sempre freqüentava para conversas sobre a juventude e a política em geral. Recordo-me sempre dos seus conselhos sobre o valor da democracia, reafirmado num trecho distribuído por suas filhas, ontem: “A classe operária compreende que, num ambiente de liberdades democráticas, pode mais facilmente encaminhar a solução de seus problemas, a começar pela sindicalização maciça e pela unificação dos esforços de todos os trabalhadores, até a unidade do proletariado tanto em escala estadual como nacional. O uso das garantias constitucionais, das liberdades democráticas é o suficiente para que os trabalhadores possam conquistar tudo o que necessitam”. Quem foi David Capistrano da Costa David Capistrano da Costa nasceu em 1913, no povoado de Jacampari, município de Boa Viagem, Ceará. Ainda adolescente, veio para o Rio de Janeiro morar com parentes. Em 1931, aos 18 anos entrou para a Escola de Aviação, aprovado no curso da FAB, onde conheceu o tenente Ivan Ramos Ribeiro, que o convidou a participar do movimento político e a ingressar no Partido Comunista. Participou do Levante Comunista em 1935, foi expulso das Forças Armadas e recolhido ao presídio na Ilha Grande. Mas não ficou muito tempo preso. Ajudado por colegas militares, num dia de maré baixa, com mais três companheiros, fugiu a nado pelo canal e chegou ao continente. Em seguida, atravessaria a fronteira. Em meados de 1936, David Capistrano partiu do Uruguai para a Espanha, com um grupo das Brigadas Internacionais, integrando a Brigada Garibaldi, sob o comando do dirigente comunista italiano Luigi Longo. Em 1938 lutou na frente do Ebro, numa das mais sangrentas batalhas da Guerra Civil Espanhola. Diz Apolônio de Carvalho: “Com José Correia de Sá e Dinarco Reis, David Capistrano integrou-se na 12. Brigada, a Garibaldi. Anos depois, em Marselha, eu teria oportunidade de ler um jornal de trincheira dessa tropa italiana, no qual se destacava o feito de David no Ebro, a garantir com uma metralhadora Hotkiss, sob o furor dos bombardeios franquistas, a retirada do seu pelotão”. Atuou junto aos partisans da Resistência Francesa, durante a ocupação nazista. Preso em ação, foi deportado para o campo de Gurs, na Alemanha, e após a liberação voltou ao Brasil em 1941, sendo novamente preso. Em 1945 foi anistiado e retornou à militância política no PCB. Em 1947 casou com Maria Augusta de Oliveira, militante paraibana do PCB. Foi eleito Deputado Estadual em Pernambuco, em 1947. Entre 1958 e 1964 dirigiu a Folha do Povo e A Hora, jornais vinculados ao PCB em Pernambuco. Após o golpe militar, viveu clandestinamente no Brasil e asilou-se na Tcheco-Eslováquia, em 1971. Retornou ao Brasil em 1974, pela fronteira em Uruguaiana, RS. Desapareceu no percurso entre Uruguaiana e São Paulo, juntamente com José Roman, em março de 1974. Em 1974, o documento n. 203/187, do DOPS/RJ, afirma: “[...] David Capistrano da Costa encontra-se preso há quatro meses, sendo motivo da Campanha da Comissão Nacional Pró-Anistia dos Presos Políticos”. Em 1978, quatro anos após seu desaparecimento, David Capistrano foi julgado à revelia e absolvido pela Justiça Militar, com 67 pessoas acusadas de reorganizar o PCB. Em 1992, um torturador do DOI-Codi do Rio de Janeiro, em depoimento publicado, declara que viu David Capistrano ser torturado na PE da rua Barão de Mesquita, no Rio de Janeiro, tendo sido o corpo esquartejado em uma casa de Petrópolis, para impedir a identificação. Seus restos mortais nunca foram encontrados. Fonte: Especial para

Entre dois governos: 1945-1950 > A cassação do Partido Comunista no cenário da Guerra Fria A cassação do Partido Comunista no cenário da Guerra Fria

Temistocles Cavalcanti no julgamento do Partido Comunista Brasileiro no Tribunal Superior Eleitoral. Rio de Janeiro (DF), set 1947. Após os levantes de 1935, promovidos pela Aliança Nacional Libertadora (ANL), o Partido Comunista do Brasil (PCB) teve seus principais líderes presos e foi completamente desarticulado. Não é de espantar que mesmo na clandestinidade seus militantes fizessem cerrada oposição a Vargas e ao Estado Novo, pela semelhança do regime com o fascismo e o nazismo. A partir de 1943, porém, após a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial para combater o nazi-fascismo, a posição dos comunistas mudou. O PCB adotou a tese da "união nacional", afirmando que todos os brasileiros deveriam dar apoio à política de guerra do governo Vargas e lutar pela normalização democrática do país. Na época, não só no Brasil, mas em todo o mundo, a palavra de ordem dos diversos partidos comunistas era apoiar os governos que combatessem o nazi-fascismo. Outro elemento que reforçou a mudança de posição do PCB foi o fato de que, em função das alianças estabelecidas durante a guerra, em abril de 1945 Vargas restabeleceu as relações diplomáticas do Brasil com a União Soviética. Luis Carlos Prestes (ao centro) preso na Casa de Detenção durante o Estado Novo. Rio de Janeiro (DF), 28 nov 1941. Internamente, no primeiro semestre de 1945, para fazer frente às pressões pró-redemocratização, Vargas definiu um calendário eleitoral e anistiou os presos políticos. No mesmo período surgiram diversos partidos, e o PCB foi legalizado. Na legalidade, o PCB conseguiu grande visibilidade e atingiu o maior crescimento de sua história. Chegou a contar com mais de 100 mil filiados. Nas eleições de 2 de dezembro de 1945, concorreu à presidência da República e à Assembléia Nacional Constituinte, alcançando um resultado surpreendente. Obteve 10% da votação nacional e, num universo de 320 parlamentares, elegeu 15 deputados federais e um senador. Tratava-se de Luís Carlos Prestes, o segundo mais votado no país, suplantado apenas por Vargas, também eleito senador. Entre as 13 agremiações partidárias,o PCB tornou-se a quarta força eleitoral, atrás do Partido Social Democrático (PSD), da União Democrática Nacional (UDN) e do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Nesse mesmo período, diversos partidos comunistas, sobretudo na Europa, também tiveram grande crescimento eleitoral. A política adotada por todos eles, de estabelecer alianças para combater o avanço do nazi-fascismo, deu bons resultados. Com o avanço da redemocratização, representado pelo início do governo Dutra e a instalação da Constituinte no início de 1946, o movimento operário ganhou vigor, o número de sindicalizados cresceu e várias greves eclodiram no país. Para barrar o avanço do movimento sindical, que contava com forte apoio dos comunistas, Dutra, ainda no início do governo, antes da promulgação da nova Constituição (18 de setembro de 1946), baixou um decreto proibindo o direito de greve. No primeiro ano do governo Dutra, por conta de uma conjuntura internacional favorável à cooperação entre países capitalistas e socialistas, a atuação dos comunistas, apesar das restrições, foi tolerada. Prova disso é que, em janeiro de 1947, quando se realizaram eleições para governadores, deputados estaduais, prefeitos e vereadores, o PCB obteve boa votação, chegando a formar, com a eleição de 18 vereadores, a maior bancada da Câmara Municipal do Distrito Federal. Mas as mudanças ocorridas a partir de então no cenário internacional logo se fariam sentir. No início de 1947, a aliança entre os Estados Unidos e a União Soviética começou a ser desfeita. Era o início da chamada Guerra Fria. Segundo o presidente americano Harry Truman, as potência mundiais da época estavam divididas em dois sistemas nitidamente contraditórios: o capitalista e o comunista. E a política externa americana voltou-se para o combate ao comunismo. No Brasil, as repercussões da Guerra Fria foram imediatas. No dia 7 de maio de 1947, após uma batalha judicial, o PCB teve seu registro cassado. Nesse mesmo dia, o Ministério do Trabalho decretou a intervenção em vários sindicatos e fechou a Confederação Geral dos Trabalhadores do Brasil, criada pelo movimento sindical em setembro de 1946 e não reconhecida oficialmente pelo governo. O PCB apelou para o Judiciário, requerendo habeas corpus para o livre funcionamento das suas sedes, mas o pedido foi negado. Em seguida, os comunistas tentaram organizar uma nova agremiação partidária, o Partido Popular Progressista (PPP), incorporando as teses centrais do PCB. O TSE também negou o registro para o PPP. A exclusão dos comunistas do sistema político- partidário culminou em janeiro de 1948, com a cassação dos mandatos de todos os parlamentares que haviam sido eleitos pelo PCB. Sob o impacto da cassação, o PCB lançou um manifesto pregando a derrubada de imediata do governo Dutra, considerado um governo "antidemocrático", de "traição nacional" e "a serviço do imperialismo norte- americano". Além de perseguir os comunistas, o governo Dutra, totalmente alinhado com os Estados Unidos, em outubro de 1947 rompeu as relações diplomáticas do Brasil com a União Soviética. Dulce Pandolfi

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