Radio Poder Popular

segunda-feira, 26 de março de 2012

Declaração dos 90 anos




(Pleno do Comitê Central – Niterói, 25 de março de 2012)

Viva os 90 anos do PCB!

No dia 25 de março de 1922, trabalhadores brasileiros reuniram-se em Niterói.

Eram representantes de vários agrupamentos comunistas que existiam pelo país. Estavam marcados pelos acontecimentos da Revolução Russa, pelos movimentos grevistas que agitavam as ruas e fábricas, e desejavam lutar para transformar o Brasil. Criaram um Partido para combater a opressão e tinham no horizonte a perspectiva do socialismo, como forma de emancipação humana.

Esse instrumento da classe operária brasileira floresceu, participou das lutas mais importantes do século XX, esteve ao lado dos trabalhadores do campo e da cidade nas suas jornadas mais emblemáticas, como as revoltas camponesas de Porecatú, Trombas e Formoso, a greve dos 300 mil em São Paulo em 1953, a campanha O Petróleo é Nosso, a campanha contra a guerra da Coréia e tantas outras. Mais recentemente, a luta contra a ditadura, a campanha pela anistia e pelas eleições diretas para presidente, a luta contra as privatizações nos anos 90, pelos direitos trabalhistas e previdenciários, por uma reforma agrária radical, por uma verdadeira Comissão da Verdade. Por isso, esse Partido, desde o momento da sua fundação, foi perseguido pelos pretensos donos do poder, pela oligarquia encastelada no latifúndio e pela burguesia, donas dos meios de produção.

Fomos presos, torturados e assassinados, mas continuamos existindo. A nossa bandeira nunca parou de tremular: mesmo sob a perseguição mais feroz, lá estávamos nas lutas contra o Estado Novo, nas mobilizações contra o nazifascismo. Quando a segunda guerra mundial acabou, saímos da ilegalidade a que a burguesia havia nos imposto, com um grande número de militantes e forte influência nos movimentos de massa. Nas eleições de 1945, elegemos uma bancada parlamentar representativa do povo, que defendeu combativamente os interesses dos trabalhadores e as liberdades democráticas, com a presença do senador Luiz Carlos Prestes e de quatorze deputados comunistas.

A nossa presença intelectual e política deixou marcas indeléveis na sociedade brasileira. Afinal, na história do século XX, lutaram conosco Graciliano Ramos, Jorge Amado, Oswald de Andrade, Portinari, Di Cavalcanti, Pagú, Mário Lago, Francisco Milani, Rui Facó, Monteiro Lobato, Caio Prado Jr., Paulo da Portela, Silas de Oliveira, Alberto Passos Guimarães, Nelson Werneck Sodré, Mário Schenberg, Nise da Silveira, Carlos Drummond de Andrade, Gianfrancesco Guarnieri, Oduvaldo Vianna Filho, Adolfo Lutz, Cícero Dias, Aparício Torelly (Barão de Itararé), Dias Gomes, Paulo Leminski, Vladimir Herzog, Nelson Pereira dos Santos, Leon Hirszman, Oscar Niemeyer, João Saldanha e milhares dos melhores filhos da classe trabalhadora.

Aqueles homens de março de 1922 deram o primeiro passo de uma longa caminhada da qual temos o orgulho de ser os continuadores, com nossos erros e acertos, com vitórias e derrotas, mas sempre construindo os caminhos da transformação social e do socialismo.

Hoje, no dia 25 de março de 2012, os comunistas de todos os estados brasileiros reúnem-se novamente em Niterói.

Comemoram os noventa anos do PCB orgulhosos de suas lutas, lembrando, com alegria, a nossa história e, com tristeza, as mortes e os desaparecimentos de bravos camaradas, certos da contribuição do PCB nas lutas dos trabalhadores e do povo, na cultura, nas artes e nos campos de batalhas da solidariedade internacionalista. Saudamos a experiência socialista da União Soviética, do leste europeu e de Cuba, como de todos aqueles que construíram, no século XX, a ousadia de nosso sonho emancipatório e nos legaram como herança os ensinamentos sobre os caminhos que queremos seguir e os erros que devemos evitar.

Nesse momento de rememorar, homenageamos nossos camaradas, como Astrojildo Pereira, Minervino de Oliveira, Octávio Brandão, Elisa Branco, David Capistrano, Giocondo Dias, Carlos Marighella, Orlando Bonfim, Hiran Pereira, Lyndolpho Silva, João Massena, Roberto Morena, Osvaldo Pacheco, Horácio Macedo, Ana Montenegro, Dinarco Reis, Manoel Fiel Filho, José Montenegro de Lima, Paulo Cavalcanti, Gregório Bezerra e nosso histórico camarada Luiz Carlos Prestes, consagrado como o “Cavaleiro da Esperança”. Em seus nomes, saudamos todos aqueles que anonimamente construíram o PCB, este patrimônio da história brasileira, da luta dos trabalhadores e do movimento comunista internacional.

Assim como em 1922, em 2012 os comunistas brasileiros não se reúnem em Niterói apenas para olhar para trás, mas principalmente para analisar o mundo e o Brasil nos dias de hoje, para continuar a luta contra o capitalismo, que está cada vez mais sanguinário e imperialista, como previu Lênin.

O mundo está numa encruzilhada. A crise sistêmica do capitalismo confirma as tendências de centralização do capital no plano mundial. A fim de manter seus lucros a todo custo, os capitalistas aprofundam a precarização das condições de trabalho e reduzem cada vez mais os salários e direitos, ao mesmo tempo em que a ação do capital, voltada à formação de novos e amplos contingentes de trabalhadores “livres” para vender barato e de forma precária a sua força de trabalho, promove um processo crescente de proletarização das camadas médias e do campesinato. O capitalismo monopolista, em sua escalada mundial, só faz crescer a concentração da riqueza e aumentar a pobreza, ampliando o fosso existente entre proprietários e proletários.

Na atual conjuntura, o capital se utiliza dos fundos públicos para aumentar a sua acumulação. Governos seguem dando suporte ao grande aparato empresarial, com a transferência de gigantescos recursos financeiros para “salvar” bancos e indústrias ameaçadas pelas crises sucessivas. Para isso - com o respaldo de parlamentos dominados pelos interesses do capital - impõem drásticos cortes orçamentários nas áreas sociais e aprofundam a retirada de direitos dos trabalhadores.

A humanidade está ameaçada. A agressão imperialista se manifesta nas guerras de rapina, resultantes da ação do capital para engendrar um novo ciclo de acumulação. Para justificar o ataque indiscriminado em favor dos interesses capitalistas, governos e líderes políticos não alinhados ao imperialismo são satanizados, organizações populares e movimentos rebeldes são criminalizados. Depois de ocuparem o Iraque e o Afeganistão, os Estados Unidos e a OTAN invadiram covardemente a Líbia e agora ameaçam a Síria, o Líbano e o Irã. Enquanto isso, Israel segue matando, prendendo e expulsando os palestinos de suas terras. Tais ações têm gerado nada além que a destruição do planeta, a espoliação dos povos e a precarização da vida em sociedade.

No Brasil, a ordem do capital se mantém com o imenso poder da burguesia monopolista associada subalternamente ao imperialismo e coligada aos aliados nacionais da oligarquia e de setores da pequena burguesia. A ordem burguesa transitou da ditadura para uma democracia de fachada, de cooptação, que exige, para o bom funcionamento da acumulação de capital, o apassivamento dos trabalhadores, forjado por meio de medidas compensatórias, que visam à amenização da pobreza absoluta, a medidas de crédito para fomentar o consumismo, ao mesmo tempo em que se intensifica a exploração dos trabalhadores. Retiram-se direitos consagrados e são eternamente adiadas as demandas históricas daqueles que lutam por moradia, trabalho, terra, educação, saúde e outras condições essenciais da vida. Querem que os trabalhadores acreditem que a única possibilidade de seus interesses serem atendidos depende do crescimento da economia capitalista e dos vultosos lucros que daí derivam.

Mas a arrogância do capital provoca o acirramento da luta de classes e suscita, em contrapartida, uma intensa mobilização dos trabalhadores em todo o mundo, permitindo que o cenário da história se abra para as possibilidades da transformação, reatualizando a necessidade da alternativa socialista. Diante das guerras imperialistas, manifestamos nossa irrestrita solidariedade aos povos espoliados e agredidos, pautando-nos sempre no internacionalismo proletário. Neste mesmo sentido, apoiamos a resistência dos povos em luta e a insurgência em algumas regiões, a exemplo da Colômbia, como forma de resistência para impedir o avanço do imperialismo estadunidense e as ações criminosas do governo narcoterrorista. É preciso fortalecer a bandeira do socialismo na América Latina, para fazer avançar as lutas populares e impedir que as garras sangrentas do imperialismo continuem a se estender pelo continente.

Em nome dos nossos 90 anos de luta, das nossas vitórias e derrotas, com a legitimidade que conquistamos, inclusive pelos erros cometidos, podemos afirmar com convicção: não será com o desenvolvimento do capitalismo, seja ele de que tipo for, que nossos problemas históricos se resolverão, pois sabemos que, quanto mais tivermos capitalismo, pior será para o presente e o futuro da humanidade. Portanto, não será por meio de alianças espúrias com os exploradores que se acabará com a exploração!

Aqueles que lutam hoje por nossas bandeiras, as bandeiras pelas quais gerações de brasileiros lutaram, sabem que chegou o momento de dizer basta! Não mais pactos para o capital crescer sua acumulação, na esperança da obtenção de migalhas! Não mais alianças com a classe que se apodera dos meios sociais de produção da vida e, através disso, da riqueza socialmente construída por nós. Não mais plantar e não ter o que comer; não mais produzir a riqueza que nos faz pobres, não mais sangue e sacrifício para que os capitalistas saiam de suas crises; não mais o trabalho de muitos se transformando na riqueza e poder de poucos.

Que se devolva à humanidade trabalhadora o que a ela pertencem: os meios sociais de produção e de reprodução da vida. Nós, trabalhadores, resolveremos nossos problemas, emancipando a humanidade, ao nos livrarmos desta chaga histórica que é o capitalismo. É hora de os trabalhadores do campo e da cidade, estudantes e todos aqueles que não se acovardaram, não se renderam nem se venderam à ordem do capital se levantarem para dizer que existe uma alternativa para uma humanidade unida, emancipada e solidária. Esta alternativa é o socialismo, como transição capaz de gerar as condições que nos permita superar a sociedade de classes e iniciar a construção do comunismo, a verdadeira história da humanidade libertada de suas cisões de classe e de todas as formas que colocam os seres humanos uns contra os outros.

Nós, comunistas brasileiros, nascemos há 90 anos à luz da Revolução Russa e sua grande esperança de mudar o mundo. Guardamos esta luz, acalentamos esta mesma esperança e a vivificamos com nossa luta e o sangue dos que se foram para, agora, mais do que nunca, reafirmar: para salvar a humanidade é necessário superar a ordem capitalista e o mundo burguês, e o caminho desta superação é a Revolução Socialista.

Contra a ordem capitalista e a hegemonia burguesa, é preciso construir o Poder Popular e a contra-hegemonia dos trabalhadores. Devemos ampliar e aprofundar as ações no plano tático voltadas para o fortalecimento da organização e da consciência de classe dos trabalhadores, com vistas à correta ocupação dos espaços políticos, no sentido da construção e aprofundamento dos mecanismos necessários ao desenvolvimento da luta contra-hegemônica. É tarefa premente o fortalecimento de nossa atuação no plano das lutas sindicais e da juventude, na organização dos trabalhadores do campo, das mulheres, dos negros e demais movimentos populares, assim como a denúncia cotidiana do capitalismo e a divulgação das ideias socialistas e comunistas.

Com a Unidade Classista, levantemos as bandeiras por mais direitos e melhores salários, pela reestatização de empresas estratégicas com a participação dos trabalhadores na sua gestão, pela redução da jornada de trabalho para todos sem redução de salário, contra a precarização do trabalho e a privatização da previdência, em defesa da saúde pública e contra as demissões. Vamos fortalecer e ampliar a Intersindical, na perspectiva da construção efetiva de uma organização sindical classista em âmbito nacional.

Com a UJC, lutemos em prol da Universidade Popular e por uma educação pública emancipadora e de qualidade. Busquemos contribuir para a organização dos jovens trabalhadores e dos marginalizados pelo sistema capitalista, que apresentam um enorme potencial de expressar a contracultura, contestar a ordem e fomentar a rebeldia. Com os Coletivos Ana Montenegro e Minervino de Oliveira, participemos das lutas contra a superexploração das mulheres e dos negros impostas pelo capital e a favor de suas demandas sociais específicas, contra a discriminação sexual e o racismo. Com os intelectuais, artistas, homens e mulheres da ciência e da cultura, estreitemos nosso compromisso com a mais ampla e irrestrita liberdade de manifestação do pensamento, resgatando nossas tradições de luta por uma cultura democrática e popular, revolucionária, em contraponto à forma capitalista, que tudo transforma em mercadoria.

Com os movimentos e organizações populares da cidade e do campo, atuemos decididamente contra a privatização e o sucateamento dos sistemas públicos de transportes, educação e saúde, em defesa da seguridade social solidária e da moradia digna, contra a destruição ambiental, pela reforma agrária radical, jamais perdendo de vista que a emancipação de toda a humanidade somente virá com o fim da propriedade privada, a destruição das relações capitalistas e a edificação da sociedade socialista.

Com os povos de todo o mundo, dediquemo-nos à solidariedade internacionalista, juntando nossas vozes aos trabalhadores em greve na Europa e nos Estados Unidos, às populações atacadas pelo imperialismo no Oriente Médio e na África, aos movimentos populares da América Latina e, em especial a Cuba Socialista, a seu governo e ao Partido Comunista Cubano, tal como fazemos há mais de 50 anos.

O PCB está e sempre estará presente e ativo em todos os espaços de luta, traçando, desde agora, o caminho da Revolução Socialista no Brasil. Queremos construir, com todos aqueles que lutam por transformações radicais da sociedade, uma frente anticapitalista e anti-imperialista, com a perspectiva de movimentar o bloco revolucionário do proletariado. Para aqueles que ousam ser os protagonistas do presente e do futuro, para a classe trabalhadora, único sujeito capaz de realizar esta transformação radical, oferecemos nossos braços camaradas.

Somos combatentes, somos convictos de nossos ideais, somos marxistas, queremos ser seres humanos integrais em uma humanidade emancipada, somos internacionalistas, somos anticapitalistas.

Em uma frase: fomos, somos e seremos comunistas. Somos o Partido Comunista Brasileiro, somos o PCB!

Viva a nossa reconstrução revolucionária!

Viva a classe trabalhadora!

Viva o Socialismo!

Viva os 90 anos de luta do PCB!

Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro (PCB).

Niterói, 25 de março de 2012.

Uma reflexão sobre os 90 anos do PCB


Achille Lollo

Os 90 anos do PCB, além das celebrações pelo extenso caminho marcado ao longo dos anos, me obrigam a pensar e realizar uma longa reflexão política sobre a manutenção da original proposta de querer construir a revolução socialista no Brasil e no mundo. Palavras que tem uma profunda visão estratégica e uma lógica ideológica em um momento em que os fatores objetivos que compõem a atual conjuntura política empurram os partidos do dito centro esquerda e também da esquerda para um “combate” dentro dos limites fixados pelo próprio liberalismo. Isto é, para certa esquerda se deve lutar, apenas para tornar o capital mais eficiente, mais moderno, mais produtivo. Enfim alguém inventou a mentira de quer um “capitalismo democratizado!!!”

A verdade é que a luta de classe, a luta contra a exploração capitalista e, sobretudo a luta contra a perversão da financerização que hoje está destruindo, inclusive, sociedades de capitalismo avançado como a Itália, Espanha, desapareceram do glossário político dos novos partidos “democráticos” que, hoje, são o verdadeiro trunfo do capitalismo, uma vez que eles que gerenciam o controle social garantindo, assim, ao capital uma tranqüila reprodução apesar da mesma ter conseqüências cada vez mais críticas e problemáticas.

Por isso saudar os 90 anos do PCB significa saudar a resistência política e ideológica às tendências destruidoras dos Freires da vida que, na passada década de noventa, tentaram seqüestrar a trajetória política do partido e do movimento popular para serem os modernos “técnicos em paz social” e assim negociar com os estrategistas do capital sua entrada nas salas do poder, seja ele municipal, estadual ou até federal. Uma experiência nociva para os lutadores sociais, porém altamente referenciada para a manutenção de aparelhos partidários que, nos últimos dez nos, fez reverenciar o PCdoB diante de multinacionais e empreiteiras tornando-se o “menino simpático na Avenida Paulista”.

De fato, ser “simpático” à Coca Cola, à FIAT ou a Eike Batista, não é um produto original brasileiro, mas é sim um subproduto dos centros de inteligência estadunidenses e europeus que criaram uma nova concepção ideológica, fácil a ser introduzida lá onde multinacionais e conglomerados financeiros sofrem com o avanço da luta de classe e com a formação de um movimento popular organizado e, sobretudo, anticapitalista e antiimperialista.

Na Itália, por exemplo, os últimos teóricos do “compromisso histórico”, hoje sentam, quietos e servis, nos bancos do governo Monti ao lado dos homens do PDL de Berlusconi e da UCD de Casini. De fato, depois de 35 anos de longas atividades para desmantelar a esquerda, desqualificar no movimento sindical todas as componentes da luta de classe e isolar os intelectuais orgânicos, eles, finalmente são “simpáticos” ao poder. E para demonstrar isso, os teóricos do PD (Partido Democrático) não pensaram duas vezes em declarar publicamente que seus dirigentes não estariam na manifestação contra o governo Monti, organizada pela Federação dos Metalúrgicos (FIOM) em Roma no dia 09 de Março.

O Partido Comunista Brasileiro deve orgulhar-se por ter sabido enfrentar e combater as diferentes tendências que queriam romper com a lógica e a práxis revolucionária do marxismo e do leninismo. Porém deve, também, orgulhar-se por ter sabido adaptar esse combate histórico à lógica da luta dos nossos dias contra o ditame do liberalismo e as práticas de seus serventes social-neoliberais.

Para os lutadores sociais e sobretudo para os comunistas, esta é uma década de resistência no momento em que o processo de desagregação do capitalismo está triplicando seus efeitos, definindo os parâmetros de um processo de lenta autodestruição que, sobretudo na velha Europa, mobiliza as gerações de jovens que estão adquirindo uma nova consciência política, do momento que o sistema já não identifica mais os jovens como exército de reserva do mercado de trabalho porque já não há mais trabalho e o dito mercado está completamente saturado. É portanto neste contexto de crise sócio-econômica que ressurge e se desenvolve a lógica revolucionária dos comunistas.

Parabéns ao PCB pelo seus 90 anos de luta. Parabéns pela firme consolidação dos ideais de luta pelo socialismo. Parabéns por ter mantido vivo e organizado um partido comunista que é comunista em todos os sentidos.

Achille Lollo é correspondente de Brasil de Fato em Roma e editor TV do programa Quadrante Informativo.

domingo, 11 de março de 2012

Irã classifica ataques israelenses a Gaza de 'crimes de guerra'

Irã classifica ataques israelenses a Gaza de 'crimes de guerra'





Médicos de um hospital em Beit Lahia examinam criança palestina ferida em ataque aéreo israelense. Foto: AFP

Médicos de um hospital em Beit Lahia examinam criança palestina ferida em ataque aéreo israelense
Foto: AFP

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O Irã classificou neste domingo os ataques aéreos israelenses à Faixa de Gaza de "crimes de guerra" contra "a população palestina indefesa", pedindo uma condenação internacional. "O Irã condena firmemente os crimes selvagens do regime sionista contra o povo palestino inocente e indefeso de Gaza", indicou o Ministério iraniano das Relações Exteriores em um comunicado divulgado pela agência oficial Irna.

"As recentes agressões (...) são crimes de guerra", insistiu o ministério, considerando que as organizações internacionais e as organizações de defesa dos direitos humanos deveriam denunciar "essas violações repugnantes dos direitos humanos".

Israel efetuou desde sexta-feira 26 ataques aéreos em Gaza, segundo o ministro israelense da Defesa, Ehud Barak. Segundo fontes médicas palestinas, pelo menos 18 palestinos, incluindo uma criança, foram mortos.

Enquanto isso, grupos armados palestinos dispararam 124 foguetes em direção a Israel, segundo Barak. Este novo ciclo de violência foi desencadeado pela morte de Zuheir al-Qaissi, chefe dos Comitês de Resistência Popular (CRP), morto na sexta-feira em um ataque israelense.

O ministério iraniano acusou Israel de ter recorrido ao "terrorismo de Estado" para eliminar Qaissi. O Estado hebreu intensificou nas últimas semanas as ameaças de uma intervenção militar destinada a impedir que Teerã produza uma arma atômica.

Espanhóis vão às ruas contra reforma trabalhista conservadora

MADRI, 11 Mar 2012 (AFP) -Os espanhóis saíram às ruas neste domingo em diversas cidades para protestar contra a reforma trabalhista do governo conservador, como um último teste antes da greve geral convocada para o dia 29 de março.

Em Madri, milhares de pessoas (500 mil, segundo os sindicatos) protestaram pelo centro da capital espanhola convocadas pelas duas centrais sindicais majoritárias, UGT e CC.OO, contra a reforma trabalhista e as medidas de austeridade aprovadas pelo executivo de Mariano Rajoy.

Outras 17 mil pessoas, segundo a polícia, e 450 mil, de acordo com os organizadores, protestaram em Barcelona, enquanto milhares saíam às ruas em capitais como Málaga, Logroño ou Santander, como parte da estratégia de mobilização crescente dos sindicatos, que começaram com as grandes concentrações do dia 19 de fevereiro.

"Com estes cortes, o consumo cai e o desemprego sobe" ou "Não ao retrocesso trabalhista e social", estava escrito em alguns dos cartazes exibidos em Madri pelos manifestantes, que também carregavam bandeiras vermelhas com as siglas dos dois sindicatos.

Os manifestantes de todas as idades exibiam à frente da marcha um cartaz com o lema "Não à reforma trabalhista. Injusta. Inútil. Ineficaz", enquanto eram ouvidos gritos como "não, não, não, não aceitamos pagar sua dívida com saúde e educação!".

"Estou aqui porque estou convencido de que o neoliberalismo nos leva ao desastre", disse à AFP Antonio Martínez, um professor aposentado de 64 anos que levava consigo um cartaz com o lema "Para que nossos netos não sejam escravos".

"A reforma serve apenas para baratear as demissões e dar todo o poder aos empresários. Não vai ajudar a criar empregos", insistiu, por sua vez, Iker Rodríguez, um funcionário de 35 anos.

Ao término da manifestação de Madri, onde foram lembradas as vítimas dos atentados islamitas de 11 de março de 2004 (191 mortos e mais de 1.900 feridos) com um minuto de silêncio, os sindicatos convocaram a participação na greve geral marcada para o dia 29 de março e lançaram uma advertência ao executivo do Partido Popular (PP).

"Se o Governo não retificar, haverá conflito e não terminará no dia 29", afirmou o secretário-geral do CC.OO, Ignacio Fernández Toxo, ao término da mobilização em Madri.

"Estamos aqui em um ato que é mais um em direção à greve geral de 29 de março se Rajoy não a remediar", acrescentou o secretário-geral da UGT, Cándido Méndez, pedindo ao governo que se sente para negociar uma modificação da reforma trabalhista.

O governo conservador de Mariano Rajoy aprovou no dia 11 de fevereiro uma nova reforma para flexibilizar o mercado de trabalho, incluindo a redução de indenizações por demissão e medidas para estimular o emprego dos jovens.

O objetivo é relançar a criação de emprego, em um país com uma taxa de desemprego recorde de 22,85%, que castiga especialmente os jovens de menos de 25 anos (48,6%).

Os sindicatos, que convocaram uma greve geral no dia 29 de março, acreditam que as medidas vão facilitar, sobretudo, as demissões.

Além desta reforma, denunciam também a política de austeridade colocada em prática pelo governo para reduzir o déficit público espanhol de 8,51% do PIB no fim de 2011 para 5,8% no fim de 2012.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Nota de Repúdio - Instituto Vladimir Herzog




07 Março 2012


INSTITUTO VLADIMIR HERZOG

O general da reserva Luiz Eduardo Rocha Paiva, em entrevista a Miriam Leitão, das Organizações Globo, disse (1/3/2012) que a Comissão da Verdade, prevista em lei sancionada pela Presidência da República em Novembro de 2010, é “maniqueísta” e parcial porque seu objetivo é “promover o esclarecimento de torturas, mortes, desaparecimentos forçados e ocultação de cadáveres”. Acha ele que, para assegurar a imparcialidade da comissão, ela também deveria investigar atos de violência cometidos por aqueles que combatiam a ditadura.

Depois de sugerir que os desaparecimentos do deputado Rubens Paiva e de Stuart Angel só sensibilizam até hoje a opinião pública porque eles pertenciam às “classes favorecidas”, o general Rocha Paiva mostra duvidar de que a presidente Dilma Rousseff tenha sido torturada na época da ditadura. E, quando Miriam Leitão lembrou que “Vladimir Herzog foi se apresentar para depor e morreu”, Rocha Paiva questiona: “E quem disse que ele foi morto pelos agentes do Estado? Nisso há controvérsias. Ninguém pode afirmar.”

Como se alguém que se apresentara para depor não estivesse sob a guarda e a responsabilidade do Estado e de seus agentes. Como se assegurar a integridade física e a própria vida de um depoente, qualquer depoente, não fosse obrigação oficial fundamental do Estado e de seus agentes, a quem ele se apresentara. Como se a Justiça do Brasil já não houvesse reconhecido oficialmente, há 33 anos, em decorrência de processo movido pela viúva Clarice Herzog e seus filhos, que Vladimir Herzog foi preso, torturado e assassinado nos porões da ditadura, por agentes do Estado.

Além de tudo isso, posteriormente, em julgamento proferido no âmbito da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, criada pela Lei nº 9.140/96, o próprio Estado brasileiro ratificou o reconhecimento dessa prisão ilegal, tortura e morte.

Ao indagar, mais adiante, “Quando é que não houve tortura no Brasil?”, o general tenta justificar em sua entrevista os martírios que foram perpetrados pela ditadura deixando entender que torturar é uma atividade legitimada e consagrada pelos usos e costumes nacionais.

General: tortura nunca foi usos e costumes, nem no Brasil nem em lugar algum. Sempre foi e é a violação do império da lei, que condena quem tortura. Tanto que a nossa Constituição Federal é taxativa ao determinar que “ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante” (art.5º, inciso III). E impor o respeito à lei – não violá-la – é o dever precípuo mais básico dos agentes do Estado. Esses agentes estão cobertos pelo manto institucional, portanto exercem um poder infinitamente maior que qualquer outro cidadão.

É por isso, por ser um crime cometido pelo Estado – não por cidadãos comuns, julgados pela Justiça comum – que as torturas e mortes perpetradas por agentes do Estado e sob sua bandeira são o que precisa ser investigado e exposto pela Comissão da Verdade. Não acobertado pelo Estado ou por qualquer de suas instituições.

E a imparcialidade da Comissão estará em agir à luz da Justiça e da lei ao investigar e expor os crimes cometidos pelo Estado e seus agentes – não ao talante de quem detém o poder.

Tudo isso torna claro que a manifestação do general Luiz Eduardo Rocha Paiva atenta contra o Estado Democrático de Direito, também preconizado na Constituição Federal do Brasil, que tem entre seus fundamentos “a dignidade da pessoa humana”, além da República Federativa do Brasil reger-se nas suas relações internacionais pelos princípios, entre outros, da “prevalência dos direitos humanos” (Constituição Federal, arts. 1º, III, e 4º, II).

INSTITUTO VLADIMIR HERZOG

http://vladoherzog.blogspot.com/2012/03/nota-de-repudio-instituto-vladimir.html

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