ONU diz que é preciso mudar sistema de produção
A fome que atinge atualmente 925 milhões de pessoas no mundo não poderá ser eliminada simplesmente aumentando os volumes de produção, mas requer uma mudança total do sistema produtivo.
Este é o principal ponto da mensagem emitida hoje pelo relator da ONU para o Direito à Alimentação, Olivier De Schutter, porocasião do Dia Mundial da Alimentação.
"A violação diária e em massa do direito à alimentação tem sua fonte não na produção insuficiente de alimentos, mas em um sistema de produção cujos limites se tornaram claros agora. É preciso construir um novo sistema sobre as ruínas do antigo", afirmou.
Para o especialista, "a situação de fome no mundo é alarmante.
Como resultado da atual crise, cerca de 100 milhões a mais de pessoas caíram na extrema pobreza. Hoje, há 925 milhões de pessoas com fome no mundo, dos 848 milhões do período 2003-2005".
De Schutter constatou que, "apesar de os preços dos alimentos nos mercados internacionais terem caído desde que chegaram a seu máximo em junho de 2008, os preços nos mercados nacionais continuam historicamente altos".
Em muitos países, acrescentou, especialmente nos importadores em desenvolvimento, o brutal aumento dos preços levou muitas famílias a reduzir a quantidade de comida que consomem ou a recorrer a dietas mais pobres, sem os necessários nutrientes para as crianças.
De Schutter ressaltou que o desafio "não é aumentar os volumes de produção, mas garantir que esta produção aumente a renda dos que mais precisam, pequenos agricultores que mal vivem de suas colheitas, trabalhadores rurais sem terra e pescadores".
"Isso significa não só manter os preços a níveis acessíveis, mas também reduzir a brecha entre os preços do produtor e os que pagam o consumidor", acrescentou.
O especialista afirmou que é preciso ajudar o pequeno produtor a fortalecer sua capacidade de produção e, ao mesmo tempo, protegê-lo das conseqüências dos voláteis preços internacionais e do risco da concorrência desleal dos produtores agrícolas dos países industrializados, que se beneficiam de subsídios maciços.
EFE